Autor: brito_admin

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A morte de “Bebeta”

É verdade, não escrevi, não desenhei e não dei um pitaco sobre a morte da rainha Elizabete II. Não foi por nada não, por desdém e muito menos ainda por apreço. Apenas muita gente falou e, de certo, se fosse falar o momento não seria adequado. A morte de qualquer pessoa é lamentável e digna de respeito, entretanto, a rainha já tinha 96 anos, estava com a saúde debilitada, então, sendo pragmático: havia chegado sua hora, pronto. Se o homem vivesse mil anos, certamente, sua morte antes de um século de vida seria uma “tragédia” -para o mundo capitalista e consumidor de futilidades – mas a expectativa de vida no Reino Unido é de 81 anos, no caso, ela já tinha mais de uma década de bônus, eventualmente, por também possuir a titularidade de Governadora Suprema da Igreja de Inglaterra, tinha lá seus privilégios junto ao Altíssimo, vai saber.  

A morte de “Bebeta”

Ontem,10, bem cedinho ao abrir minha caixa de mensagens estava lá uma cobrança com misto de reprimenda extremamente contundente, a princípio, por alguns milésimos de segundos me pus a pensar e decretar pela aspereza imposta na escrita, certamente, seria algum parente enlutado que remeterá de forma enganada para meu endereço, assim, talvez, o “pito” estivesse com razão. Entretanto, após limpar as lentes dos meus óculos vi nitidamente que não era nenhum membro da família real britânica e, sim, um fã “Betinha”, moradora, aqui da terra de Felipe Camarão: 


“Bom dia brito voce qui é bem informado como é que não deu nada da morte da rainha Elizabete nem um desenho feius que voce fzs…Abraços sou sua fan”.

É verdade, não escrevi, não desenhei e não dei um pitaco sobre a morte da Rainha Elizabete II. Não foi por nada não, por desdém e muito menos ainda por apreço. Apenas muita gente falou e, de certo, se fosse falar o momento não seria adequado. A morte de qualquer pessoa é lamentável e digna de respeito, entretanto, a rainha já tinha 96 anos, estava com a saúde debilitada, então, sendo pragmático: havia chegado sua hora, pronto. Se o homem vivesse mil anos, certamente, sua morte antes de um século de vida seria uma “tragédia” – pelo menso para seus súditos, para o mundo capitalista e consumidores de futilidades – mas a expectativa de vida no Reino Unido é de 81 anos, no caso, ela já tinha mais de uma década de bônus, eventualmente, por também possuir a titularidade de Governadora Suprema da Igreja da Inglaterra, tinha lá seus privilégios junto ao Altíssimo, vai saber.   

No Brasil a expectativa de vida da mulher brasileira, segundo o IBGE é de 80,3 anos, entretanto, a vereadora carioca Marielle Francisco da Silva foi assassinada aos 38 anos – até hoje não se sabe o mandante – ainda na flor da idade como diz lá no meu torrão, sua jornada aos 80 anos foi brutalmente interrompida, isto é, não viveu nem a metade da vida que poderia usufruir. Sexta-feira, 09, um bolsonarista assassinou o petista Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos com 15 facadas e uma machadada, o Benedito, segundo os estudos poderia viver até os 76,8 anos. Sem falar dos números vergonhosos de feminicídios que o Brasil ostenta. Hoje são assassinadas três mulheres por dia, como vê minha cara amiga, temos nossas próprias tragédias a chorar. 

Por outro lado, pelo grau de compadrio que conservo com a família real, fico certo que “bebeta” onde quer que esteja e todos os seus familiares, principalmente, o “Ray” Charles III, serão generosos comigo, perdoando minha indelicada falhae aceitarão minhas condolências, mesmo que tardia.

Ah! Obrigado, por ser minha fã.  

Brito e Silva – Cartunista

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Tribuna do Norte demite cartunista por criticar o Governo Federal

Rodrigo Brum, cartunista do jornal Tribuna do Norte, foi demitido por causas de suas charges em desfavor do “imbrochável”. A Tribuna do Norte, em um passado não muito distante foi trincheira contra os desatinos da Ditadura militar, agora em pleno século XXI virou folhetim – salvo algumas poucas editorias – do que há de pior que surgiu do esgoto da política partidária. 

Toda minha solidariedade ao amigo Rodrigo Brum, além de ser um cartunista de primeiríssima qualidade é uma figura humana excepcional.

Quem perde é o jornal Tribuna do Norte, que ficou pequena sem Brum. Há pouco li, “um jornal sem charge é como uma mulher sem alma”. Entretanto, a alma da Tribuna, hoje, se é que tem uma, é uma alma podre, decaída que está a serviço da política rasteira, tacanha, e dos sonhos ditatoriais de seus donos. Estamos juntos, Brum.

Depoimento do cartunista Brum: 

Vai o jornal mas fica o lápis!

Há poucos dias tivemos uma reunião super bacana na redação, cheia de otimismo, falando da nova direção. Saí de lá empolgado, comentando com um dos jornalista que achava ótimo esse posicionamento prometido na reunião: de não deixar a política influenciar nas decisões, mesmo tendo no seu quadro de chefia o suplente de um ex-ministro do atual governo, candidato ao senado. Pois bem, uma das primeiras atitudes dessa nova administração foi algo realmente sem qualquer conotação politica: DEMITIR O CHARGISTA, que faz charges contra esse governo a favor da liberdade (kkkk). Engraçado, que segundo a tal reunião, antes é que havia um posicionamento político, mas durante esse período, sempre fiz charges com total liberdade e autonomia. É isso, a partir de hoje não faço mais parte da Tribuna do Norte. Falar que não fiquei preocupado, estaria mentindo, é uma grana que vai fazer falta. Falar que não foi chato, outra mentira, fiz muitos amigos nesses 10 anos de Tribuna, gente que vai fazer falta. Mas saio com a cabeça mais erguida do que quando entrei. Bem melhor me demitirem do que tentarem me moldar. Pelo menos isso. Sinal que as charges funcionaram, alguém se doeu muito. A demissão? Uma consequência que infelizmente nós chargistas estamos sujeitos ao fazer nosso trabalho nesse período de “liberdade” (outra piada). Agradeço muito por essa década de aprendizado. Pelo prazer de trabalhar com o gigante do jornalismo potiguar, Julião. De ter tido professores como Carlos Peixoto, Cledivania Pereira e o grande Woden. Gente, eu trabalhei com Woden Madruga, parceiro do Henfil quando o mesmo morou por aqui. Aliás, o mesmo Henfil que um dia já fez charges lá no jornal… olha a honra, ocupamos o mesmo espaço. Então saio agradecendo por tudo isso. Espero ter feito alguma diferença durante esse tempo. Aprendi, errei, tive pequenas censuras, fui premiado, cresci. Por isso mesmo repito: Saio de cabeça erguida. E muito feliz, porque se o novo caminho for esse, de demitir quem vai contra o governo, é melhor tá de longe. Tem coisas que dinheiro nenhum compra. Mas como disse no título, vai o jornal mas fica o lápis. Continuarei com minhas charges, agora com muito mais liberdade. Quem sabe em breve consigo um outro veículo pra publicar, mas enquanto isso não acontece, não será isso que vai fazer eu ficar calado.

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Fomos à feira

Ontem, sábado, 3, fomos à feira em família, especificamente, para 11ª Feira de Livros e Quadrinhos de Natal, no Parque das Dunas, creio que os organizadores darão como sucesso das anteriores, tamanho era o público. Pollyanne, Jade, eu e as netas Valentina e Lívia, liderados por Maria, fizemos de tudo um pouco: show musical para crianças, compramos livros, pipocas, quando meus olhos brilharam quando vi a logo do Café Santa Clara, imediatamente entramos numa fila para comprar uma dose, descubro que não era pago e, sim uma ação publicitária do café lá de São Miguel/RN, antes de saborear o pretinho você tinha que girar uma roleta, com várias opções” tente de novo, volte depois”…, coisas assim  – mas você seguia e tomava o café – Maria tentou três vez, errou todas, chegou minha vez, na primeira, eu com 63 anos nunca acertei um bingo, uma rifa, sorteio de qualidade nenhuma, acertei de “prima”, ganhei o último kit, sachês de achocolatado, dois tipos de sucos, café com leite e cappuccino’, mas na hora de encher o copo faltou o preciso líquido, ficamos lá esperando e jogando conversa fora com o pessoal do Santa Clara.

Copo cheio, satisfação estampada nas fuças saímos entra as letras. Esbarramos no jornalista e escritor Cefas Carvalho, um breve bate-papo, um livro, uma foto, deixamos o amigo com sua dúvida “Não Sei Quantas Alma Tenho”, embicamos feira a dentro. Tropecei por diversa vezes em um monte de amigos do Facebook: alguns me olhavam, como quem dizia “é ele”, outros – penso eu – imaginavam “nem ele não”. Devo confessar: que coisa mais esquisita essas amizades virtuais, ao vivo, parecemos ter medo, toda aquela intimidade se esvai no mundo real, de fato, e comprovadamente, elas só valem, lá no Meta. 

Cefas meu velho, sou do tempo de botequins, de aperto de mão, de um abraço apertado num amigo que há tempos não vemos. Entretanto, este é o mundo que nos apresentam, é o que está posto, logo é com ele mesmo que tenho que conviver. Passei no stand da gráfica Manibu – imaginando em ver o velho amigo Afrânio – acrescentei no meu balaio o livro “Trovaborratela de Natal” – fui quem fez a caricatura do Pedro Grilo que ilustra a capa – querendo uma dedicatória, como Adélia Costa não estava deixei lá, se por ventura ela aparecesse pudesse autografar. Com Maria me puxando pela mão, saí a cata de Adélia, qual o quê? Só a conheço no oitão virtual, certamente, devo ter passado por ela algumas centenas de vezes em diversas ocasiões, Maria dizia aquela senhora ali parece demais com ela, mas aí a dúvida se aprofundava, pois o parece é apenas uma imitação, nunca o original, andei mais uns quilômetros, perdi algumas calorias, de volta à gráfica, peguei meu livro e vim pra casa lê-lo, limpo, sem autografo. 

autografo.

Adélia, no próximo vou me encher de disposição e vou ao lançamento, e ter o prazer de vê-la ao vivo e a cores.

Brito e Silva – Cartunista 

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Ziraldo

A partir de hoje, 1º a 30 de setembro, no Museu Prudente de Moraes acontece a “Exposição Ziraldo 90”, estarei me juntando a outros 89 cartunistas de todo o país nesta homenagem a um dos grandes do cartum brasileiro, o mestre Ziraldo.

“Exposição Ziraldo 90” tem a chancela da Casa de Cultura Ziraldo, de Caratinga, sob a coordenação do cartunista Edra Amorim, uma mostra paralela em parceria com 49º Salão Internacional de Humor de Piracicaba. No 24 de outubro próximo Ziraldo completa 90 anos de idade, razão da exposição.

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Vinícius Júnior

V Futebol e Arte 2022 

Como já se tornou marca registrada a exposição promovida pelo Bardallos durante as “Copa do Mundo de Futebol” desde 2006. Para Copa do Catar foram convidados para coletiva V Futebol e Arte 2022 11 artistas que irão explorar o tema “Futebol”, com abertura marcada para dia 17 de novembro pontapé inicial às 17h, já se pode dizer que vai ser uma goleada. O Vinícius Júnior estará nos representando. 

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Os rejeitados

Creio que você – ou todos nós – em pouca ou larga medida nalguma parte do caminho foi tentado a chegar mais rápido ao pódio, e para isto, flertou com atalhos e com um deles foi além, enveredando por nebulosos caminhos, somente se dando conta do erro voluntário, quando não mais lhe era permitido a volta.

Vendo a nova versão da novela Pantanal – a primeira assisti no Acre, quando trabalhava na Tv e Jornal Rio Branco – e observando Xeréu Trindade com sua negociata com o Cramunhão, na qual deu sua alma em troca de se tornar um grande violeiro, mas em dados momentos desfazem o trato para logo no capítulo seguinte voltarem a ficar de boa.

Fiquei imaginado que para tanto, isto é, para uma boa negociação com as coisas do além, também é preciso uma certa competência para que ambos saiam ganhando. Todo bom trato, contrato, pressupõe que os lados em questão tenham ganhos, pois, os dois detêm o que o outro quer. Assim sendo, não basta um querer e o outro não ver vantagem alguma no acordo e se postando dessa maneira, certamente, nem de palavra ou mesmo grafado com sangue haverá combinado.

Sempre existirão os rejeitados, vetados, os barrados no baile, aqueles que não conseguem um tratado nem do “lado de lá” e menos ainda do “lado de cá”, são os incompetentes, aqueles que não descobriram sua verdadeira competência para se postarem ante a vida, passando a viver na periferia, a margem, nas cercanias da felicidade alheia, cheios de frustrações, medos, temores e rancores, talvez até por pura preguiça não vislumbraram sua vocação e buscam o atalho e dão com os burros n’água. Estes são os mornos, aqueles que Deus os vomitará, pobres almas não deram certos nem com Deus e nem com o diabo. 

Claro, que a ética deve ser praticada a exaustão até se tornar espontânea, porém num país onde se anuncia aos quatro ventos que todos devem levar vantagem em tudo, todos somos tentados às negociatas. Penso se propusessem um acordo de cavalheiros com o “Sete peles” oferecendo minha velha e surrada alma, em troca d’eu aprender a tocar violão, certamente, o “canhoto” riria cavernosamente nas minhas fuças mandando-me procurar outra freguesia e, ainda, talvez, fosse debochado “Ora, meu amigo, se Deus não lhe conseguiu esse milagre, imagine eu”. 

Me reavivou a memória um caso verdadeiramente verdadeiro acontecido com uma amiga nossa de longas datas, que há anos vinha tentando tirar a carteira de habilitação, nas provas escritas passava com louvor, mas nos testes práticos era um desastre completo, atropelava todos os cones, sem falar dos outros alunos que se escondiam, e não tinha jeito: era reprovada sempre. Não mais resistindo aos conselhos de amigos para “molhar” a mão do instrutor, decidiu levar para prova de volante três notinhas de R$ 100,00 as quais, quando a sóis com o professor, as pôs no bolso do colete dele. Às 23h, daquele mesmo dia, quase já roncando, recebe uma ligação telefônica, do outro lado uma voz perguntava como faria para devolver os R$ 300,00 pois, não queria ser cumplice de alguma catástrofe de trânsito. 

“Tamujuntu”, não no “atalho”, mas na incompetência. Ela lá no volante e eu cá nas cordas do violão. 

Água

Estamos em plena campanha política, o horário eleitoral já foi estabelecido nas rádios, tvs e redes sociais e claro, não poderíamos ficar privados das figuras caricatas que tornam, por vezes, seus vídeos verdadeiros peças humorísticas.

O candidato ao Governo do RN, Fábio Dantas falando de servidores públicos e candidato ao senador que destruiu a CLT, Rogério Marinho, querendo assumir paternidade da “criança” quando tenta induzir o povo potiguar a crer que foi ele quem fez a transposição das águas do São Francisco. Os dois são humoristas de talento duvidoso e fadados ao insucesso das urnas.  

Negacionista

O Brasil estampado no mapa da fome na ONU, milhões de pedintes nos sinais de trânsitos das grandes cidades, pessoas se digladiando para pegar por ossos, outras “atacando” caminhão de lixo por restos de comidas e o negacionista continua afirmando que não há fome no Brasil.

O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar aponta que são 33,1 milhões de pessoas com fome no país, o mesmo nível de 30 anos atrás. 

V Futebol e Arte 2022 

Como já se tornou marca registrada a exposição promovida pelo Bardallos durante as “Copa do Mundo de Futebol” desde 2006. Para Copa do Catar foram convidados para coletiva V Futebol e Arte 2022 11 artistas que irão explorar o tema “Futebol”, com abertura marcada para dia 17 de novembro pontapé inicial às 17h, já se pode dizer que vai ser uma goleada. O Vinícius Júnior estará nos representando. 

Frase

Fome: Bolsonaro: “não se veem” pessoas “pedindo pão na porta da padaria”.

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Pelicano

Nesse domingo(21) ficamos mais pobres, sem graça e menos irônicos, em Ribeirão Preto o cartunista César Augusto Vilas Boas, o Pelicano, foi chamado a fazer charge no céu.

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Ziraldo 90 / Lista dos 90 Cartunistas do Brasil na Mostra Paralela de Caricaturas do Mestre no 49º Salão de Humor Internacional de Piracicaba

Adnael (AL); Aleco (BA); Alisson Afonso (RS); Alviño (RJ); Amarildo (ES); Amorim (RJ); André Camargo (SC); Armando Marcos (SP); Aroeira (RJ); Baptistão (SP); Brito (RN); Brum (RN); Camaleão (MG); Camilo Riani (SP); Carol Cospe Fogo (RJ); Carriero (SP); Carlos Araújo (PE); Cival Einsten (CE); Cláudio Aleixo (GO); Cláudio Teixeira (CE); Deraldo (BA); Dodô (SP); Duarte (SP); Eder (SP); Edgar Franco (GO); Edra (MG); Erthal (RJ); Edu (BA); Erasmo (SP); Fabrício Brito (RJ); Fausto (SP); Fernandes (SP); F. Machado (SP); Fred (PB); Fredson (SP); Flávio Miranda (SP); Genin (MG); Glê (PA); Guedes (SP); Guilherme Bandeira (SP); Hippertt (RJ); Izânio (PI); Jack (AM); Jal (SP); Jean Claude (PB); Joaquim (PI); J.Bosco (PA); Jhota Melo (SP); Jô Oliveira (DF); Jorge Braga (GO); Jorge Inácio (ES); Josú Barroso (SP); Jota A (PI); Júnior Lopes (SP); Kim (DF); Luciano Meskita (PA); Lu Vieira (RS); Liz França (PE); Magon (RJ); Maraska (SP); Marcos S. Souza (MA); Marcos Venícius (CE); Mastrotti (SP); Maurício de Souza (SP); Mauro Miranda (RJ); Mello (MG); Michelângelo (RJ); Moisés (SP); Onézio Cruz (SP); Quinho (MG); Rê (RJ); Reinaldo (RJ); Ricardo Leite (RJ); Rice (SP); Robinson (SP); Ronaldo (RS); Rosana Amorim (SP); Rucke (SP); Samuca (PE);Seri (SP); Spacca (SP); Synnove (SP); Thais Linhares (RJ); Thiago Lucas (PE); Toni D’Agostinho (SP); Ulisses (RJ); Vilanova (RS); Xavi (SP); Zeca (PR); Zel Humor (RJ) 

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Narcisista intelectual

Primeira vez que vi esse termo foi um colega de faculdade escrevendo um desabafo pós entrega de TCC. Acredito até que tenha sido dirigido a mim, ou aos meus colegas mais próximos. Não sei exatamente a razão, mas lembro que na época houve algum tipo de burburinho pela universidade que eu e meus colegas debochávamos da capacidade de outros alunos de passarem no trabalho final. Não aconteceu. Mas o fato é, a carapuça me serviu como um alerta, me fez refletir sobre assunto. 

Sempre fui muito fã de pessoas sábias. Afinal, fui criada por duas pessoas extremamente inteligentes, acima da média. E meu convivo sempre foi esse. Inclusive, um dos meus irmãos foi diagnosticado com “altas habilidades/superdotação”, tipo aquelas crianças do Caldeirão do Hulk, só que com o hiperfoco em outras milhares de coisas. Constantemente fui influenciada então a admirar o culto, o belo, o conhecimento e com isso (mesmo não debochando de ninguém) adquiri uma seletividade preconceituosa no meu olhar para o outro e uma autocobrança de SABER enorme. Além de ter uma tendência de ter hiperfocos em assuntos que me interessam e eles são os mais variados, com isso, estudo sobre os mais estranhos assuntos até esgotar meu cérebro. Mais tarde descobri que isso pode ser alguma característica neurodivergente. 

Fiz faculdade de publicidade, depois me tornei design gráfico, maquiadora, presidente de movimento estudantil, tocadora de violão (musicista é muito) e entre outras muitas coisas, estudando sozinha, sendo autodidata. Pois pra mim, quanto mais conhecimento adquirisse em algum lugar eu estaria acima, acima de quê? Até hoje não descobri. Com a idade chegando, o tempo passando e a vida acontecendo, a minha percepção de SER mudou bastante (e permanece mudando). Continuo tendo hiperfocos estranhos. Mas, graças a maturidade(?), minha visão sobre o próximo mudou e talvez eu realmente estivesse num lugar de soberba e por que não de uma pseudo narcisista intelectual? Ou pra aliviar um pouco minha barra posso seguir a linha de pensamento da psiquiatra que diz que o meu olhar (e exigência) sobre outro é na verdade um conceito de mim mesma, ou seja, queria encontrar o quê queria ser. Que é também uma super caraterísticas de uma das minhas condições psíquicas (ansiedade).  

Óbvio, que esses ensinamentos ficaram ainda mais claros depois dos filhos, pois eles me ensinam diariamente que o belo, o grandioso, o inteligente podem e são, geralmente, as coisas mais simples. Mas, por isso, não menos importante aprendi que mesmo que tenha algum “q” neurodivergente e me faça sempre buscar essas características, não posso usá-lo como desculpas para ser uma “c*zona”, desculpem os termos. Apesar de amar o culto, sou um pouco mal educada também. E por fim, termino esse texto dizendo uma frase sábia do meu pai “inteligência é você saber usar seu conhecimento de forma simples e prática”.

Jade Brito e Silva – Publicitária

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Tudo cabe num abraço – Dia dos Pais

“Me dê sua tristeza que lhe dou minha alegria”
Romance da Bela Infanta  

Hoje, domingo Dia dos Pais, impulsionado pelos anúncios de tv e toda mídia lembrando o tempo todo, todo o tempo, que não devo esquecer de comprar o presente no Dia dos Pais: celulares, computadores, carros, gravatas, meias, sapatênis, até Melhoral estavam anunciando… Ofereciam o diabo a quatro. Neste clima estava de conversa com seu Luís meu pai, “mangando” desses pobres filhos que lotam, se abufelando em portas de lojas de shoppings centers buscando comprarem “lembrancinhas” e não deixarem o DIA DOS PAIS passar “em branco”, boa parte delas serão enviadas pelos correios, pois seus remetentes, mesmo morando na mesma cidade, não têm tempo para um sorriso tête-à-tête com seu “coroa”.

É triste, mas é a realidade nua e crua, em que muitos pais vivem: Filhos, apenas por vídeos, pelo WhatsApp, Instagram, Facebook, Twitter… Porém, ainda assim, devemos dar graças aos deuses das tecnologias. Fico imaginando quando o metaverso estiver sendo rotineiro em nossas vidas como pão e café, você no domingo querendo acordar mais tarde, por causa da balada do sábado, e não quer perder tempo, também não pretende carrega culpas, ficar com depressão por não ir na casa do pai desejar um Feliz Dia dos Pais ao vivo, então no dia anterior grava uma mensagem e envia seu holograma, o seu pai que também possivelmente ainda está dormindo, por causa da carga de remédios que tomara, da mesma forma já deixou disponibilizado seu holograma ativado para receber suas homenagens do Dia dos Pais. 

Não é delírio meu não. Logo, logo a presença física em carne e osso será desnecessária, fútil, desobrigada. Os afetos e sentimentos, na real, já estão rarefeitos no campo físico. Certamente, no mundo virtual, no metaverso os amores, os sentimos serão mais caudalosos. Nesse tempo em que já se põe à soleira, o olho no olho, será, talvez uma ofensa. Um bom dia, um pedido de desculpas, um gesto de gentileza, um abraço, um muito obrigado, tudo isto ficará no passado, isto é, tudo estará disponível, somente na realidade aumentada.

Ah! Meu velho pai se encanto há 2 anos, seu Luiz virou estrela, foi chamado aos céus. Porém estou com ele diariamente, quer dizer, ele está comigo – os pais sempre estão – quando quero chamar sua atenção, feito Trindade, pego o violão e toco Boiadeiro, música que queria ouvir e nunca toquei pra ele, entretanto não sofro da síndrome do Epitáfio, o que fiz, fiz, o que não fiz, não fiz e não há como mudar. Voltando as vacas magras:  Ora, quem diabo se importa com “lembrancinhas” ante um sorriso, um abraço, um “bom dia pai” ou uma “bênção pai”? Eu, como o Jota Quest, creio que tudo se resolve e cabe num abraço. Coisa de gente antiquada.

Brito e Silva – cartunista

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Jean-Jacques Sempé

Neste 11 de agosto passado, morreu aos 89 anos o ilustrador francês Jean-Jacques Sempé, se distinguiu principalmente pela ilustração da série o Le Petit Nicolas e das capas da revista The News Yorker.

Mais um papel que fica em branco. Minha singela homenagem ao grande Sempé