Autor: brito_admin

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Sósia

Cortando minhas madeixas, que insistiam em atrapalhar minha visão, sentei-me na cadeira do barbeiro para a devida poda. Logo o converseiro rolava solto, falava-se de tudo: futebol, religião e política. Eu, do meu lado, aprendi a ficar de bico calado, só de butuca, com os “zuvidos” atentos, escutando até os fios de cabelo se acomodarem no assoalho vinílico da barbearia, enquanto todos esperavam chegar ao assunto do momento: as fraudes no INSS.

Ajeitei-me na poltrona, buscando mais conforto, pois, certamente, o papo renderia por toda minha estadia.

– Vocês viram o roubo do PT no INSS?

– Vi, sim. O irmão do “9 dedos” roubou 6 bilhões e não vai acontecer nada – Disse outro.

Um jovem, que até então falava do campeonato inglês, pediu licença:

– Onde o senhor ouviu essa notícia?

– Na Globo, CNN, UOL, SBT, Record…

O jovem ponderou:

– Apesar de todos esses veículos não terem muita simpatia pelo presidente Lula e pelo Brasil, eles não disseram isso…

– Disseram sim, senhor! – respondeu o homem, elevando o tom.

– Calma, senhor. É só uma conversa. Vou dizer o que ouvi e li: a fraude começou em 2016, no governo Temer, passou pelo governo Bolsonaro – que não investigou – e, no governo do presidente Lula, a Polícia Federal passou a investigar. Estão envolvidos funcionários do INSS e várias entidades, porém, o Sindicato no qual o Frei Chico – irmão do presidente Lula – é vice-presidente, não são investigados, porque não estão envolvidos.  Esses são os fatos divulgados pela direção da Polícia Federal.

– Já sei: você é adorador do Luladrão…

– A questão não é essa, se sou ou não adorador de Lula, estou falando dos fatos.

O senhor, então, soltou:

– Você, que é jovem e metido a sabido, sabia que o Luladrão já morreu faz tempo? Esse que está aí é um sósia! Eu vi no Tik Tok…

O jovem, com um sorriso de canto de boca:

– Nisso o senhor tem razão.

Seguiram-se alguns segundos de silêncio mortal, rompidos por gargalhadas gerais.

O senhor bateu a porta e saiu.
O jovem pediu desculpas ao barbeiro por fazê-lo perder um cliente.

– Não se preocupe. Ele vem só conversar. Quando encontra alguém que discorda, vai embora. Respondeu o barbeiro.

Brito e Silva – Cartunista

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Chorar é preciso

Chorar é preciso

Outro dia escrevi: “Quem tem filho, chora.” Chora por amor; chora de alegria pelo sucesso deles e chora de tristeza por seus fracassos. E, principalmente, por aqueles momentos que, como pais, não conseguimos mudar ou amenizar. Foi assim quando enfrentou o câncer na tireoide. Graças aos deuses e à ciência, você está curada. Mas ainda me lembro das madrugadas em claro, em que eu e sua mãe ficávamos mudos, inertes, paralisados diante da realidade. Muitas vezes chorando sem lágrimas, como um rio seco; outras, nos afogando como se fôssemos o próprio Amazonas. Quem tem filho, chora.

Também me lembro da sua formatura, há dez anos. E mais uma vez choramos. Choramos com o nascimento da Lívia e do João Miguel — e tantos outros rios de lágrimas. Mas, felizmente, a esmagadora maioria foi de pura alegria. Muita alegria.

Hoje, você também tem duas joias raras: Lívia e João, e certamente chora por eles e por causa deles. E vai chorar ainda mais, porque quem tem filho, chora. Mas tenha certeza: eles serão suas maiores fontes de alegria genuína. Suas maiores conquistas. Seus mais merecidos e preciosos presentes.

Neste dia, hoje, neste tempo… já não há muito mais que eu não tenha lhe dito. Os conselhos, quando você os pede, já foram dados. Mas, como boa publicitária, você sabe: para se manter no “Top of Mind”, é preciso chover no molhado. Repetir, reforçar, reviver. Então veja isso como se fosse a primeira vez: saiba que eu te amo muito.

Parabéns, Jade. Feliz aniversário!

Seu pai, Brito

PS: Rezando para que nosso Botafogo, nos presenteie com uma vitória, hoje, lá em Bueno Aires.

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Eu discuto política, religião e futebol!

Eu discuto, sim, política, religião e futebol!

Nunca fui adepto da máxima “não discuto política, futebol e religião”. Desde cedo, compreendi que esses temas movem o mundo e, mesmo sem ser especialista, percebi que ignorá-los não é de boa monta. Desde a antiguidade, essas três forças moldam sociedades, com o futebol podendo ser substituído por qualquer outro “entretenimento de massa” capaz de extasiar e entorpecer multidões.

Política: Na Roma Antiga, a política do “pão e circo” implementada pelo imperador Otávio Augusto mantinha a população entretida e alienada. Os espetáculos sanguinários dos gladiadores ofereciam uma válvula de escape para as frustrações do povo, enquanto nos palácios, os poderosos desfrutavam de luxuosos banquetes que duravam dias. Passaram-se séculos, e a estratégia continua a mesma: manter o povo distraído enquanto poucos acumulam poder e riqueza.

Na minha casa, política sempre foi tema de discussão, mas com respeito às diferenças. Defendo um mundo mais igualitário, com menos desigualdade e mais acesso à educação, saúde e respeito ao ser humano. Por isso, falo de política.

E como não falar? Se os impostos que pago não retornam às ruas, aos postos de saúde, escolas ou transporte público digno? Como não discutir política

Religião: Karl Marx disse: “A religião é o ópio do povo”. Concordo, mas faço uma distinção: religião não é fé. Jesus de Nazaré foi morto por dois sistemas políticos corruptos e uma religião igualmente corrompida.

Hoje, muitas instituições religiosas transformaram a fé em mercadoria, comercializando milagres e promessas em nome de um lucro travestido de salvação. Isso acontece desde a antiguidade. Como não discutir religião?

Futebol: Já vivi um tempo em que cada brasileiro era um técnico de futebol, quando se ia ao estádio acompanhado de amigos, que torcedores do time adversário. Na minha casa, há botafoguenses, vascaínos e até flamenguistas.

Hoje, não sabemos mais quem são os jogadores do nosso próprio time, muito menos quem o treina. O futebol, tornou-se um espetáculo de violência fora de campo, com torcidas organizadas se encontrando para confrontos que terminam em mortes. Como não discutir futebol?

É verdade que não temos mais um coliseu lotado de plebeus sedentos pelo sangue de cristãos sendo dilacerados por gladiadores. Mas temos reality shows que anestesiam milhões, enquanto políticos ganham salários astronômicos e, ainda votam contra os trabalhadores que sobrevivem com R$ 1.518,00 por mês.

Ora, meu senhor! É preciso, sim, discutir política, religião e futebol! Estamos nos emburrecendo.

Brito e Silva – Cartunista

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Edesio Alejandro

Caricatura, feita a pedido do amigo jornalista Jesús Díaz Loyola, do artista cubano, Edesio Alejandro Rodríguez Salvá (Havana/Cuba, 28 de março de 1958 – Alcalá de Henares, Espanha 5 de março de 2025) guitarrista, cantor e compositor cubano e espanhol de música eletrônica.

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Daniel Alves

Daniel Alves

Tribunal espanhol anula condenação do ex-jogador Daniel Alves. Sem querer entrar no mérito, hoje em dia, tenho medo até de dar bom dia para qualquer mulher com menos 85 anos e, quando o faço é genérico, na postagem.
Sem falar, quando alguém que não conheço, no direct ou Messenger e diz “Oi”, apago logo.

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Sonia Guajajara

Caricatura da Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, para o Marandu, jornal que traz notícias sobre os povos originários, editado pelo amigo historiador e desenhista Aucides Bezerra.

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EXPOSIÇÃO

Luiz da Câmara Cascudo, natalense nascido 30 de dezembro de 1898, morreu em 30 de julho 1986, foi um historiador, sociólogo, musicólogo, antropólogo, etnógrafo, folclorista, poeta, cronista, professor, advogado, jornalista e escritor brasileiro. Passou toda a sua vida em Natal e dedicou-se ao estudo do folclore e da cultura brasileira.