Saudade a gente não explica

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         Sexta-feira(2), assistindo o State Of Play, fiquei um pouco saudosista, sem falar que antes, tinha recebido a visita do amigo jornalista Beto Cavalcante, que nos anos 80 estagiou no jornal Gazeta do Oeste. Falamos do impeachment sofrido por Dilma, levantamos várias teses em nome do golpe, pulsemos culpa na cisão das esquerdas – se é que já foram unidas um dia -, no PSDB, no povo, no PT e devo confessar: se demorássemos uns poucos segundos mais, teríamos tomado de assalto as prerrogativas do Senado, em veredicto final e definitivo. Pasmem, nem água tomamos.

         Olhe que o assunto não era nem o prato principal, o impeachment e as nuances que o envolve foi apenas a entrada. Geralmente todas as vezes que encontramos, trocamos três ou quatro palavras e vamos direto ao assunto. Mas, em virtude do momento político vivido seria impossível não deixar nossas impressões e conclusões(decisivas) sobre o caso: Para depois degustarmos o de sempre, mais nem por isso menos prazeroso: jornal.

         De um só fôlego, pegamos a via expressa mais próxima, o “Túnel do Tempo”, –  Não me pergunte quem de nós dois incorporou o Robert Colbert, como Doug Phillips, e James Darren, como Tony Newman -, o certo é freamos nos anos 80, no jornal Gazeta do Oeste, O Mossoroense nos quais vivemos muitas histórias.

         De volta ao futuro, deito preparado para me entregar aos braços de Morfeu, numa reconfortante e hidratante sesta, dou algumas investidas no controle deparo-me com o State of Play, filme em que Russel Crowe faz um repórter e Ben Affleck um deputado. Neste momento Morfeu pulou a janela, a sesta pus debaixo da cama para usar depois. Olhei para Socorro e disse:

-Socorro, acredita que estou sentindo aquele cheiro de tintas e gasolina que vinha lá das oficinas do jornal?

– Não! E se você insistir, falo com Dr. Milton Marques e peço para lhe internar compulsoriamente no São Camilo.

Virou de costas, pegou minha sesta e chamou de volta o deus do sono e se aconchegou.

Calei-me. Agora, que eu senti o cheiro, eu senti! Saudade a gente não explica.

Obrigado pela visita amigo.

Brito

 

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