Era Uma Vez

Ontem, depois de exercitar meu polegar no controle remoto, passeando pela Netflix de “A a Z”, quase nada chamou minha atenção. A exceção foi a série “Cem Anos de Solidão”, baseada no clássico homônimo do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura de 1982. Confesso: nunca li o livro! Ainda assim, estou saboreando a série como quem tem diante de si um pão doce com filetes de coco queimado. Cada pequeno pedaço é degustado vagarosamente, prolongando ao máximo o prazer e excitando as papilas gustativas. Assisto um ou dois capítulos e só volto dois ou três dias depois, para não acabar tão rápido.

Navego pelos incontáveis canais da Alaris, passo pela Netflix, mas invariavelmente termino no mesmo lugar: no YouTube. Não me perguntem por quê. A verdade é que, com minha memória propositalmente seletiva e autônoma, permito-me assistir um filme várias vezes como se fosse sempre a primeira vez. É um privilégio deliberado, confesso.

Ah! Tudo isso só aconteceu depois de ouvir o eterno “rei do iê-iê-iê”, Roberto Carlos, sussurrar “Detalhes” – porque, hoje em dia, ele já não canta, apenas murmura. Logo após, o comercial anunciava os próximos atos, que certamente, o espetáculo de penúria se intensificaria, corri para o YouTube. Foi lá que dei de cara com Claudia Cardinale, Charles Bronson, Henry Fonda e Jason Robards. Posicionei o travesseiro, apontei o dedo no “gatilho” e disparei: “Era Uma Vez no Oeste”.

É meu amigo Cefas Carvalho, às vezes, um bom “espaguete” é mesmo quem nos salva.

Brito e Silva – cartunista

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