Dia dos Pais

Não sou conformista, acredito eu, ingrato ou egoísta com a vida que tive junto ao meu pai. Portanto, não me vejo um pingente do pensamento mediano coletivo no qual a métrica é “eu devia”, a “síndrome do Epitáfio”, que por vezes só lembra quando mídia “futuca” a consciência adormecida, sonolenta e preguiçosa, atende ao chamado.

         Aqui, entrincheirado no tronco da Jurema, vejo multidões de almas penadas condenadas ao peso dos seus pecados, a sua hipocrisia. Silentes, anestesiadas pelo “sacrifício da moda” de expressarem publicamente suas lamúrias: “eu devia ter beijado mais a minha mãe, eu devia ter abraçado mais o meu pai, eu devia… eu devia… eu devia… no fundo, oram para apressar os ponteiros do “Rolex”, o dia se esvair e voltarem à suas vidinhas, no aguardo de outra convocação do marqueteiro de plantão.

          Não querendo ser melhor ou pior dos que aqueles atendem ao som do berrante, o aboio do “vaqueiro” que controla a manada, lhe ditando o que deve comer, vestir, andar e pensar, logo sou surdo, cego e mudo. Dias das Mães, Dias dos Pais, Dias dos Namorados, lojas empanturradas de pessoas que “em nome do amor” se esbofeteiam para presentear seus entes queridos, certamente, logo serão esquecidos ou pior: estarão nas estáticas que nos envergonham. Obviamente, vocês vão dizer que é uma visão muito tacanha e pessimista, pode ser. Mas, é muito próxima da realidade.

        Voltando às vacas magras. Hoje é Dia dos Pais. Você tem todo direito de dar uma gravata ao invés de um abraço, um par de meias ao invés de um beijo, uma camisa ao invés de cafuné. Eu, pouco beijei, pouco abracei e talvez, pouco afaguei seus cabelos brancos. Entretanto, acreditando ser a música a maneira mais fácil para falar de amor com Deus, os anjos, as almas, as pessoas e, por isso, desde sempre todos os dias escuto pelos menos duas músicas preferidas do meu pai, – seu Luiz, em memória – que ouvíamos juntos, tenho os céus por testemunhas.

       Portanto, não espere o “Epitáfio” beije, abrace, afague seus cabelos, ame seu pai, não importa a “lembrancinha”, apenas ame-o.

Feliz Dias dos Pais. Brito e Silva – Cartunista

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