À minha Maria

Natal, 30 de julho de 2024.

À minha Maria

Em Paulínia/SP

        O “poetinha” Vinícius de Moraes cunhou “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Pode ser uma grande verdade ou não, como diz Cae – veja a intimidade -. O fato certeiro, é que os encontros sempre serão extraordinários, mesmo aqueles que você planeja, sabe o que vai dizer, e diz, aqueles que são frutos do acaso também tendem a ser admiravelmente oportuno ou não precisaria ter acontecido. Enfim, os encontros e desencontros são invitáveis.

       Maria, este nosso desencontro, de férias, depois de algumas décadas: eu no Chile, você em São Paulo/Rio de janeiro, não planejado por mim nem por você, nem por ninguém, foi uma casualidade. Lembrei quando nos anos 80 trabalhamos no mesmo prédio, Edifício Cidade do Natal e, por dois anos a fio e não nos encontramos, a casualidade – destino – estava escrito nas estrelas para reencontramos – desde a adolescência – em 1986, no jornal Gazeta do Oeste e de lá para cá dissemos não aos desencontros…Exceto este… Ah…Deixar pra lá, já guardei o vinho da vinícola de Undurraga para quando você chegar.

       Quase perdi o fio da meada. Ah, sim! Desencontro. Ariano Suassuna diz em uma palestra “se você faz um convite ao brasileiro, se disser eu vou; pode ir ou não. Mas, se ele disser vou fazer tudo pra ir, pode ter certeza que ele não vai”. Foi assim com meu amigo professor e escritor Edilson Pinto, homem de grande sensibilidade e fino trato com a escrita em crônicas postadas no edilsonpinto66, em seu Diário de Um Voluntário. Sabedor que eu iria ao Chile me confidenciou que também estaria por lá, na bela Santiago, em meados de julho e, ficamos de nos encontrar, trocar um “dedinho” de prosa na terra de Neruda.

       Ora, veja Maria: ele chegaria dia 17 e eu voltaria ao Brasil no dia seguinte, 18 de julho. Eu sabia que ele sabia e, ele sabia que eu sabia que a gente não teria tempo para nosso encontro chileno. Mesmo que houvesse tempo hábil, certamente, eu continuaria dizendo que “iria fazer de tudo para ir a nosso encontro”, ele, certamente, ficaria certo do nosso desencontro. Até gostaria, de deixar registrar as digitais em algumas taças de vinho, mas, como todo bom cristão, ele é um “pecador contumaz” e, como tal, sofre da “inveja alvinegra”. Veja você Maria, por diversas vezes ameaçou de quando nos encontramos no Chile me cobriria com um pano vermelho e preto, que chamou de “manto”, você é conhecedora de minha descrença total em superstições. Porém, dizem por aí, “praga de urubu não pega”, mas vai que… E como seguro morreu de velho, “infelizmente” o desencontro se fez presente, não houve tempo para falar com o amigo Edilson Pinto.

P.S.: Desculpe a brincadeira, seria um prazer ter nos encontrados no Chile e dividir com uma boa taça de vinho. Quem sabe no final do brasileirão, em terras brasileiras?

Chile I

      Depois de décadas de trabalho tirei férias de 34 dias, no Chile, impostas por meu primogênito Alex Polary. Por lá fiz diversos passeios à vinícolas, City Tour, Cerro San Cristóbal, El Museo de Cera de Las Condes, Portillo, Parque Safari, fui a Algarrobo onde se encontra a maior piscina ao ar livre do mundo, a beira do Pacífico. Lá, andei feito “porca maga”, com o amigo Clevinho, em Ñuñua – comuna em que mora Polary/Sanara com meus netos Aléssia e Enzo – e suas cercanias para espantar o frio e conhecer o dia-a-dia do povo chileno. Conheci muitas ruas e suas estruturas arquitetônicas e paisagísticas, chileno? Que nada! Frio de “lascar o cano” o povo todo em casa, uma vez ou outra encontrava alguém sendo puxado por seu cão para um passeio “cocozal”.

Chile II

        Mas, devo confessar que fiquei com uma “pontinha”, mentira, uma grande inveja daquele pequeno país, onde há uma valorização da arte que não há por aqui. Conheci vários brasileiros: músicos, garçons, motoristas, empresários que trabalham para viver dignamente. É de dar inveja.

Chile III

Aqui o livro do grande escritor/cartunista cubano radicado no Chile, Pepe Pelayo em parceira como Francisco Puñal, recebido depois de um café e uma boa conversa, em Santiago/CL. No livro impera o bom humor e muita imaginação em textos e fotografias que se fundem numa simbiose criativa dos autores, este o qual, me fará aprender a ler em espanhol.

Chile IV

Uma visão estranhei logo na chegada: Em quase todo esquina e praça que passava tinha alguém se “medicando” puxando um fumo, por lá a maconha é liberada para uso medicinal e muita gente decide se automedicar ao ar livre.

Frase

Nordeste: “pior região do país em todos os aspectos”, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Caricatura

Caricatura do amigo cartunista cubano/chileno Ramon Carrillo.

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