Emanoel Amaral: Super-Cupim
Por Brito e Silva
Emanoel Cândido do Amaral foi um jornalista, pintor, escritor, professor e mestre do mamulengo potiguar. Mas, foi como chargista que se tornou Emanoel Amaral e ganhou notoriedade onde o seu talento e sensibilidade criativa o referendou como um dos grandes cartunistas do Rio Grande do Norte.
Emanoel Amaral, nasceu na cidade de Natal/RN, no dia 25 de dezembro de 1951 e faleceu em 18 de dezembro de 2019, vítima de um câncer, apenas 7 dias antes de completar 68 anos. Entretanto, deixou um extenso legado para o cartum potiguar, quiça, para o Brasil, além de uma história rica de lutas à afirmação e consolidação do mercado para os desenhistas com a criação do Grupo de Pesquisa e Histórias em Quadrinhos (GRUPEHQ). Foi preso e injustiçado por seu trabalho desafiar os “donos do poder”, ainda assim, não permitiu que seus algozes enfraquecessem a fineza de seus traços e a acidez de suas charges.
No Rio de Janeiro/RJ, onde passou boa parte de sua adolescência, época em que conheceu o desenhista potiguar Evaldo Oliveira, que o levou à Rio Gráfica e Editora, empresa em que trabalhava, na qual Emanoel mostrou seu portfólio com seus desenhos, mas por ser de menor não fora efetivado na empresa. Indo a uma editora concorrente, a Ebal, onde também teve seus trabalhos aprovados, porém, ainda por não ter 18 anos nãofez parte do quadro de funcionários da gráfica.
Já em sua cidade natal, iniciou sua trajetória no Diário de Natal no ano de 1971, como sempre um pioneiro, organizou em 15 de maio do mesmo ano, a I Exposição o Norteriograndense de Histórias em Quadrinhos, oportunizando aos artistas dos traços potiguares grande visibilidade, que até então não tinham e assim, Emanoel estaria consolidando o Grupehq que se tornaria uma vitrine para os jovens desenhistas que buscavam algum espaço na mídia e uma efetiva oportunidade de publicação de seus trabalhos.
Inquieto e criativo Emanoel Amaral com uma fina ironia desenhou seu o Super-Cupim, uma personagem que tinha como atributo a “defesa dos insetos fracos e oprimidos” uma clara zombaria e critica aos “Super-Heróis” americanos, que eram consumidos vorazmente pelos brasileiros e, inevitavelmente à política. Em uma entrevista Emanoel disse ter mostrado a tirinha ao Henfil, em que o Super-Cupim na eminência de levar uma “surra” dos heróis estadunidenses se valeu da Turma da Mônica (Maurício de Souza), Pererê (de Ziraldo) e aos Fradinhos, de Henfil, que prontamente atenderam o chamando e vieram em seu socorro: “você só deu uma mancada, isso aqui era pra ter passado o ano todinho aproveitando esse tema. Explorado, ter feito muitas tiras”, disse-lhe Henfil.
Nos anos 80, convidado pelo Sesc (Serviço Social do Comércio), chegou à a cidade de Rio Branco/AC, para ministrar cursos de gravura e artes gráficas. Místico, conheceu a Colônia Cinco Mil, que professava a doutrina do Santo Daime. Os editores Sílvio Martinello e Elson Martins da Silveira do “Folha do Acre” o levou para a equipe do jornal o qual se integrou, se encaixando perfeitamente.
No jornal “Folha do Acre”, Emanoel Amaral com suas charges diárias contundentes assertivas, quase sempre dirigidas à Governadora Iolanda Fleming, a quem chamava de “Pombinha”, e ao aviador de nome Pedro Yarzon levaram à suspeitas ao grupo que dava sustentabilidade a política governadora do atentado à bomba sofrido pelo jornal, que teve suas máquinas impressoras queimadas. Nenhum jornalista e funcionário foi atingido, o crime ocorreu na madrugada quando não havia mais ninguém no prédio. Com a paralização do periódico sua permanência no estado do Acre estava encerrada. Na volta para Natal/RN, foi preso em Fortaleza/CE, a Polícia Federal encontrou drogas em sua bagagem, fato que ele nunca assumiu e dizia ter sido uma revanche e perseguição do agrupamento político o qual ele criticava no Acre. Cumpriu pena. Voltou para Natal e aqui viveu até a pena e o papel não lhe ter mais serventia.
Fontes: Tribuna do Norte, Contilnetnoticias.com.br e Onomatopeia.home.blog