Cival Einstein: “alguns salões são de cartas marcadas”
Por Brito e Silva
Ele tem 40 anos de idade e 18 anos de labuta queimando as pestanas sobre a prancheta. Estamos falando do cartunista cearense Cival Einstein, nascido 15 de setembro em Fortaleza/CE, sendo hoje um dos grandes e mais respeitados cartunistas do nordeste e, certamente, figura entre os melhores do Brasil. Com seu traço firme, forte e sua acidez expressa nos cartuns se tornou conhecido internacionalmente, ganhador de vários prêmios, participante ativo de salões internacionais de humor: em 2016 ganhou na Sérvia, revista Zikison, em 2022 foi premiado no 18ª Mostra Internacional de Cartum, na Síria. Cival, além da paixão pelo traço, também é amante da “magrela”, isto é, gosta de sair por aí pedalando sua bike pelas ruas da capital alencarina e cercanias. Vamos conhecer mais um pouco do Cival, nosso Einstein dos lápis e cores.
Em geral a maioria dos desenhistas começam muito cedo, logo na infância fazendo rabiscos, com você foi assim?
Sim.
Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra ” da família?
Meus pais me incentivaram, da infância até a adolescência, depois fui me virando.
Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, o cartum seria a sua profissão?
Não falo nem tanto em profissão, mas o encanto do cartum é a sua sacada, humor e a sua mensagem simplista é o que me encanta, e isso é o mais interessante do cartum, caso contrário seria simplesmente só mais um desenho e nada mais, se não tivesse esse encanto.
A família apoiou?
Da infância a adolescência…
Quantos anos de estrada, amassando e rabiscando em busca de suplantar o desafio do papel em branco?
Há 18 anos.
Certo que você é um dos cartunistas da atualidade mais premiados do nordeste. Quando ganhou seu primeiro festival de humor?
Sinceramente não lembro. Mas vou citar um, foi na Sérvia, revista Zikison, acredito que foi no ano de 2016, não lembro bem.
Você acredita que o cartunista brasileiro é bem recebido fora do país? E aqui no Brasil, acha que são reconhecidos como deveria?
Fora do país sim, aqui tem salões sérios como também tem salões que não têm seriedade, não vou citar, e uma parte já tem suas cartas marcadas.
Os cartunistas brasileiros promovem um bom cartum competitivo internacionalmente?
Sim, os cartunistas brasileiros são talentosos. A diferença daqui para o europeu, é que o europeu inclui as artes plásticas e a ilustração no cartum, aqui tivemos muita influência no jornal com aquele cartum mais simplista e de fácil percepção de olhar.
O Cartunista brasileiro é bem remunerado?
Deveria, não é.
A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e com os espaços para os profissionais do cartum, acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?
Banalizou total, os espaços que abriram foi concursos fakes ao redor do mundo, como também deu oportunidade para novos organizadores sem recursos promoverem o cartum mundial. Os troféus físicos a cada dia que passa estão desaparecendo e muitos ilustradores estão recebendo certificado sem ser cartunista de origem, ou seja, nunca trabalharam em jornais, muitos pseudos-cartunistas se oferecem aos jornais fazendo de graça para se promoverem, a um concurso, apenas pelo título, se ganhar, o que é incerto. Então a situação está neste patamar, entre outras coisas que acontece nos bastidores.
O que é ser cartunista?
Ser cartunista significa ser além do desenhista em si, é um ser intelectual que enxerga o mundo, o que não é comum no nosso dia a dia e expressa no cartum de forma irreverente e com humor.
Qual charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter feito?
Não sei responder. É um mundo infinito de momentos.
Quem é Cival Einstein?
Um ser humano que tenta ser melhor a cada dia, apesar dos desafios e questionador das injustiças políticas, um insurgente civil, político na teoria, amante da natureza, do ciclismo, enfim.