Puérpera
Puérpera, mulher que acabou de entregar ao mundo aquilo que anteriormente não existia e quando passou existir era só seu.
Puérpera que teve seu corpo modificado por longas semanas, órgãos sendo realocados, hormônios sendo produzidos, prioridades sendo colocadas. Corpo remodelado.
Puérpera que o seu fisiológico mudou completamente, agora tenta voltar ao normal, depois de uma retirada do seu corpo sem dó nem piedade aquilo que só a pertencia.
Puérpera que tem uma queda de hormônios, um luto pelo vazio de dentro, uma luta pelo que aconchego de fora.
Puérpera que já estava em privação em várias instâncias, agora ele lhe foi tirado abruptamente o sono, pelas preocupações, pelo o que tens nas mãos, pelas dores físicas que carrega.
Puérpera que tivera dores na gestação que não foram curadas, agora foram modificadas e repostas em outros locais físicos e emocionais.
Puérpera que derrama lágrimas, leite e sangue, pelo peito que enche, pelo o que cabeça ainda não consegue entender, pelo sangue que expele enquanto seu útero se contrai numa cólica.
Puérpera que olha no espelho e não se reconhece.
Puerpério que é inerente a todas às mulheres que foram mães, democrático e ditatorial. Dói no físico, dói na alma. Mas passa e fortalece. Ele é um dos infinitos motivos que justifica aquela frase: só quem é mãe sabe.
Jade Brito – Publicitária