O poder de não ter poder

Desde os primórdios, o poder tem causado muitos cabelos brancos em filósofos e pensadores que se preocupavam com tamanha e poderosa ferramenta na mão de uma só pessoa e os seus efeitos.

Lá por volta do século XVII, ainda na gestação do Iluminismo, John Locker, vislumbrava a divisão dos poderes e logo a seguir Montesquieu clareou as ideias imprimindo o “O Espírito das Leis”, onde sugeria que o poder fosse devido em três. Hoje, o mundo contemporâneo e suas nações democráticas degustam o modelo tripartite. Não resta dúvidas que Montesquieu resolveu parte do problema, a outra parte por si só, era e é de impossível resolução, pois de qualquer forma o poder ainda seria exercido pelo homem e toda sua truculência agregada.

Eu, dentro do raio de ação de minha limitada e oca caixa cerebral, entendo que mesmo seccionado o poder exercido pelo homem sobre outro homem é opressor e limitador seja ele de pai/mãe ou do estado e, contra todo opressor, claro, o oprimido deve lutar com todas suas forças para mudar o status quo.

Todavia, para se ter uma aldeia com o mínimo de civilidade o poder é um mal vitalmente necessário para que possamos nos situar em meio a multidão. A hierarquia, é fundamental em qualquer sociedade. Essa ordem também se apresenta de forma bem definida na natureza: as abelhas têm soldados, operários e sua rainha, as matilhas de lobos têm as suas, comandadas por lobos alfas e por que o bicho não teria, se ele é o mais perigoso entre todos?

Para própria sobrevivência da espécie a hierarquia e o cumprimento das regras estabelecidas é de extrema importância. Se alguma regra ou poder vai mal, pode e deve ser quebra, quê não se admiti é a ausência total de poder e regras, alguma ordem há de existir.

Um país onde mais de um terço do legislativo está envolvido, em algum grau com o crime, parte do judiciário é parcial e passivo e o detentor do executivo é taxado como “Chefe da maior organização criminosa do Brasil”, é preciso atenção redobrada, o perigo mora ao lado.

Diz meu amigo Delegado (porteiro e filósofo), que o temer tem o poder de não ter poder nenhum.

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