Eu amo carnaval

 

Não sou lá um romântico à moda antiga, daquele tipo que ainda manda flores, apesar da velha calça desbotada, e esta, sempre foi uma cobrança de minhas namoradas de infância, adolescência e a atual – que está comigo há 31 anos, lembro quando dizia: Eu te amo! Nos seus olhos, eu percebia a exigência de um retorno positivo, então respondia: idem! “-. Talvez isto, até seja um dos meus grandes defeitos.

Porém, nada de machismo não. Apenas, acreditava (creio ainda) que Amor, o “Eu te amo” tem uma certa sacralidade e lhes são resguardados uma não vulgaridade, basta sentir e pronto! Exprimi-lo, somente em momentos de terna simplicidade, sem exibição. Lembram do “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão?” É por aí. Por falar, em Amor, o quê andam falando em vão, principalmente as religiões, é um carnaval.

Como qualquer cristão – que ainda não tem a posse carimbada e certificada da salvação -, entre as centenas de pecados que me pesam os ombros, um deles era dizer que não gostava da “invenção do diabo, que Deus abençoou”, o carnaval. Mesmo na adolescência me recolhia ao baralho de cartas com Cicciolina.

O grande Lima Barreto disse que “O carnaval é a expressão da nossa alegria”, amparado no dito do Lima e, hoje, com 5.6, certamente vejo esta exuberante manifestação popular com outros olhos. Se é isto mesmo, então, às purpurinas, ora, que sejamos alegres.

Consciente, fiz como fazem muitos “caba macho” que durante o ano se estapeiam, se esfolam e até se matam nos estádios de futebol, e quando chega fevereiro revelam-se noivas, fadas e bruxinhas, também revelei-me assumi pronto, falo: Eu amo carnaval!

Nunca duvidei da força da palavra, mas também nunca pensei que emitir apenas três palavrinhas, me fizesse parecer ter tirado o fardo de Sísifo das minhas costas. Credito a negação do amor – neste caso não é sacrilégio e muito menos vulgar – que sentia e sinto pelo carnaval à minha precoce rabugice. Sem medo somar pecados à minha robusta lista, digo e repito “eu amo carnaval”, principalmente, se estiver no mínimo, a uma centena de quilômetros de minha casa. Quanto maior a distância, mais meu amor se torna infinito. Viva Momo!

 

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