Entrevistas

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Edra sobre a qualidade do cartum brasileiro “Fabulosa”

Nascido Élcio Danilo Russo Amorim na bela cidade mineira de Caratinga, aos 21 dias de janeiro de 1960, renascido, conhecido e reconhecido como Edra para o cartum brasileiro. Nos anos 80 iniciou sua bem-sucedida carreira no Correio Braziliense em 1980, trabalhando também no Jornal de Brasília e Correio do Brasil, no qual foi o responsável pelo Suplemento Infantil Clubinho.

Edra coleciona vitórias em diversos salões de humor, dentre eles o Salão Internacional de Humor do Piauí e o Concurso Por Su Salud, No Fume!, de Buenos Aires.

Além do Diário de Caratinga no qual veiculou suas charges por 13 anos, também publicou 27 livros: Chulé (1993, com tirinhas), Bagunçaram o meu coreto (1997, de charges), Se rir eu choro… (1998, cartuns), O que vier eu traço (2003, cartuns, charges e caricatura), E foi assim… (2005, sobre a história do Carnaval caratinguense), entre outros. É também idealizador e realizador do Salão Internacional de Humor de Caratinga, desde 1998, e idealizador e diretor da Casa Ziraldo de Cultura, fundador da Gibiteca Turma do Pererê, presidente da Associação Estação Cultural de Caratinga e parte do Conselho Diretor do Movimento Amigos de Caratinga.

Sabemos que é na infância onde tomamos os primeiros contatos com pincéis, tintas, lápis e papel, com você assim? 

Sim. Meu pai tinha um restaurante e eu ficava pegando naquelas antigas bobinas de papel para embrulhar pão, pedaços e mais pedaços para fazer os meus primeiros rabiscos, que no passar do tempo foram tomando formas. Primeiro foram cenas de faroeste com direito a muitos cavalos, cowboys e índios. Depois paisagens, animais e pessoas. Tive uma boa fase desenhando cenas de futebol, criava histórias com jogos e quando nosso time da rua disputava uma pelada com o time da outra rua, ao voltar pra casa eu desenhava os gols do nosso time e fazia tipo um jornalzinho, com manchetes, entrevistas e tudo mais… kkkk.

Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família?

De uma certa forma tive influência da minha mãe, embora ela nunca tenha sido uma artista, na essência da palavra. Ela era Professora do primário e eu ficava encantado com os desenhos que ela fazia em folhas grandes de cartolina no seu preparo de plano de aulas, o que me despertou a começar a fazer os meus. Para aproveitar o gancho da pergunta vou complementar minha resposta com uma revelação que pode surpreender a muitos. Pode parecer estranho, mas a atividade que menos exerci ao longo desta minha trajetória foi a de desenhar. Deus me deu o dom, tenho a mão boa, mas acho que poderia desenvolver mais o talento e obter mais sucesso como cartunista se dedicasse mais a arte de desenhar. Ao contrário dos artistas que vivem exclusivamente de seus traços e que entram numa redação, agência ou em seu próprio estúdio e passam ali oito horas ou mais horas diárias criando, desenhando e pintando, eu segmentei minha profissão diagramando, editando, criando logomarcas, sendo dono de loja de roupas infantil, de gráfica, produzindo catálogo telefônico, vendendo brindes, fazendo propaganda e, na minha agitação cultural, fundei blocos de carnaval, clube de carros antigos, promovi mais uma tanto de eventos, e foram muitos anos de luta e horas de sono perdidos para realizar, até aqui, dezessete salões de humor e criar a Casa Ziraldo de Cultura. E nesta correria, para poder conjuminar uma atividade às outras, não me sobrava muito tempo para me dedicar à prancheta e sempre fiz as charges a toque de caixa, sem muitas elucubrações, com desenhos toscos e sem burilar as ideias.

Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, o cartum seria sua profissão? 

Desde criança eu gostava muito de ler. Adorava a Revista Recreio que trazia atividades que aguçavam a minha imaginação e me colocou diante de textos de grandes escritores. Ainda muito garoto, criei o hábito ler muito jornais e revistas. Quando eu deparei com as charges e ilustrações – para quem já tinha um dom do desenho – naturalmente despertaram em mim uma atração especial e comecei a fazer os meus quadrinhos e cartuns. Não demorou muito para que eu alimentasse o sonho em me tornar um cartunista.   

A família apoiou? 

Meus pais sabiam que eu gostava de desenhar. Por ser muito tímido a minha mãe conseguiu para mim o meu primeiro emprego como desenhista arquitetônico, aos 15 anos. Uma profissão de acordo com as minhas habilidades manuais e uma atividade sem maiores contatos com outras pessoas. Mais quando eu disse que queria sair de Caratinga para tentar ser cartunista eles não tinham a menor ideia do que se tratava, mas sempre me deram apoio e buscavam até entender um pouco do que eu fazia. Atualmente a minha mãe, 93, costuma dar os seus pitacos no meu trabalho e eu geralmente troco opiniões com ela e acabo acatando algumas… rssss.

Quantos anos de estrada, amassando e rabiscando papeis em busca suplantar o desafio do papel em branco? 

Comecei a minha profissão de cartunista em Brasília fazendo charges, caricaturas e ilustrações para o caderno de Esportes no Correio Brazilense (1980). Minha estreia de charge editorial foi no ano seguinte na Folha de Brasília. Durante cinco anos fui Diretor de Arte e Programador Visual de uma revista esportiva, publiquei tirinhas no Jornal de Brasília, ilustrador do Caderno de Cultura do Correio do Brasil, onde eu também editei por oito anos um suplemento infantil e, alternadamente, muito trabalhos de desenhos e diagramação como freelance na imprensa alternativa. 

Como avalia a qualidade do cartum brasileiro?

Fabulosa!

Você acredita que o cartunista brasileiro é bem remunerado?

Pouquíssimos conseguiram.

No mundo dos traços quais foram suas influências e seu ídolo? – sem é que tem um.

No início eu queria criar personagens e fazer quadrinhos bem no estilo do Maurício de Souza até enveredar nas charges e cartuns quando passei a conhecer e curtir muito os trabalhos do Quino, Laerte e Ziraldo.

Como é realizar um salão de Humor? 

Cara, eu fico embasbacado quando visito outros salões e me deparo com o trabalho de produção executados por equipes segmentadas, totalizando um grupo bom de pessoas. Estrutura de todas as ordens, envolvimento de entidades no processo geral e daí eu analiso como eu consigo fazer um salão sem a mínima comparação da mesma ordem, e ainda por cima numa cidade do interior. Aqui eu assobio e chupo cana. Do parafuso de uma tenda a passagens de avião que vai trazer os artistas convidados, tudo passa por mim, algumas vezes apoiado por um ou dois abnegados amigos, voluntariamente. Mas nada interfere no resultado final da formatação do salão, na qualidade e proposta do mesmo. Não fica devendo em nada, neste ponto de vista, aos grandes salões do nosso país, e te digo mais, até as falhas são similares (risos). .Apesar das grandes dificuldades enfrentadas ao longo destes anos, o nosso salão entra para sua décima oitava edição neste ano, desfrutando de grande prestígio no país e no exterior; de credibilidade entre os artistas pela sua organização. Estamos entre os quatro melhores salões do Brasil e também entre os de maior longevidade. Isto não é pouca coisa! E para chegar até aqui enfrentei problemas de todas as ordens. Foi preciso eu ser muito abnegado, de manter firme o foco e a determinação. Para manter a viva proposta do projeto, venho realizando as últimas edições sem nenhum suporte financeiro, procurando com isso usar o recurso da originalidade e inovações para mantê-lo atrativo. Em 2021 criei o Festival Jal&Gual numa iniciativa sem precedentes no cenário mundial onde os cartunistas são homenageados por cartunistas. Para este ano quero lançar o 1º Salão Mirim de Humor de Caratinga pois considero esta seção que existem em alguns outros salões, de muita importância.

            Então para finalmente responder a sua pergunta: SIM. É muito difícil e realmente dá muito trabalho e, mesmo sem nenhum retorno, você tem que abdicar de alguns compromissos profissionais e isso se torna a situação ainda mais delicada, mas venho buscando forças para manter o ideal. E para confirmar o que eu digo confira um trecho do depoimento do Zélio (considerado o papa dos salões de humor do Brasil) que ele prestou quando na inauguração da Casa Ziraldo de Cultura em 2009:

            “Não é fácil fazer um salão de humor. Isto é seríssimo! E repetir por dez anos é de um heroísmo que poucos no Brasil conseguiram. Aliás poucos no mundo. Poucos são os salões que conseguem sobreviver por tanto tempo. Aqui no Brasil tem uns quatro ou cinco, no máximo. Daqui a pouco o de Caratinga vai entrar no hall daqueles miraculosos que vier depois de que tentar fazer melhor do que o Edra, vai ser difícil fazer, mas tenta!” 

Fontehttp://casaziraldodecultura.blogspot.com/2011/08/zelio-10-salao-de-humor.html

            E para ampliar as informações acerca deste gênero de atividade, o Salão de Humor, ao expor os trabalhos originais destes artistas, além de aproximar vários de seus autores entre si e ao grande público, abre um importante canal de informação especialmente aos que não tem acesso aos grandes jornais, revistas e livros ou até mesmo aos que não tem o hábito da leitura e proporciona aos visitantes ligados a arte o contato com as mais variadas técnicas e estilos. Com os espaços na mídia reduzidos, cada vez mais e de forma acentuada, as promoções de salões de humor mantém um significativo suporte para servir de estímulo, vitrine, e envolvimento da classe em torno da paixão que os unem e ou para que continue sendo um canal importante de expressão e manifestações política e social. 

A resposta do público é enorme, pelo fato do humor ter uma linguagem universal e pelo grande fascínio que a beleza plástica do desenho exerce nas pessoas, criando um apelo a mensagem que cada artista procura passar.

Durante a realização do evento, a cidade e região se mobilizam para visitar, discutir e refletir sobre os mais variados temas apresentados nos trabalhos expostos como o meio ambiente, a fome, a desigualdade social, violência, política, guerra, racismo, o menor abandonado entre outros, na visão de artistas de várias partes do mundo. Todas as pessoas que visitam o salão saem de lá tocadas, não ficando ninguém indiferente, o que torna ainda mais gratificante a realização de um evento desta natureza.

Uma forma de fomentar a cultura, levando às pessoas informação, conscientização e divertimento através do entretenimento, estimulando também o contato entre autores, público e afins.

Qual a charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter desenhando? 

Todas as charges do Angeli, todos os cartuns do Quino, todas as tirinhas da Laerte, todas as caricaturas do Ulisses e todos os desenhos do Ziraldo.

A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?

A internet revolucionou toda a mídia, cada profissão foi condicionada a tomar novos rumos e para a maioria foi totalmente favorável. No nosso caso, se por um lado deu maior visibilidade, por outro tirou todo o nosso controle de uso da imagem e consequentemente a sua renumeração.

O que é ser um cartunista?

É padecer no jornalismo

Quem é Edra? 

Elcio Danilo Russo Amorim kkkkkkk. Mas para me traduzir, o que eu sou mesmo é um batalhador. 

www.cartunistaedra.blogspot.com 

www.chargesdoedra.blogspot.com 

www.casaziraldodecultura.blogspot.com

www.salaodehumordecaratinga.blogspot.com

www.chargesfutebol.blogspot.com

www.carrosantigosctga.blogspot.com.br/ 

www.uteboldecaratinga.blogspot.com.br/

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Brum – Cartunista

Natural de Maricá-RJ. Formado em publicidade pela ESPM com especialização em direção de arte e redação. Discípulo de Daniel Azulay e fã de carteirinha da Laerte, Angeli e Henfil. Começou no mercado de cartuns fazendo caricaturas ao vivo em eventos. Atualmente mora no Rio Grande do Norte, onde passou por diversos jornais do Estado e hoje, além de atuar como diretor de arte, faz as charges do jornal do Sindicato dos Bancários do RN. Participante de diversos salões de humor e exposições nacionais e internacionais. Ilustrador, quadrinista e ex-colaborador da revista MAD, tendo lançado diversos livros de quadrinhos e charges. Vencedor do prêmio Angelo Agostini como melhor cartunista de 2015; vencedor do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2016 e 2018 na categoria artes, segundo lugar no concurso de cartum “Nova Previdência Social: Melhor Para Quem?” em 2019, um dos vencedores do Concurso de cartuns Anti-Racista promovido pela ARTIGO 19 e Coalizão Negra por Direitos em 2020 e um dos vencedores do “Prêmio de Destaque Vladimir Herzog Continuado” em 2020 com o movimento #somostodosaroeira. Além de ter recebido Menção Honrosa nos prêmios Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (artes) e 2º Salão de Humor Sobre Doação de Órgãos (charge), ambos em 2022.

Instagram: @rabiscosdobrum    Facebook: @brumchargista

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Millôr Frenandes

Milton Viola Fernandes, nascido na do Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1923Rio de Janeiro, morreu em 27 de março de 2012, também no Rio de Janeiro/RJ, Com o nome artístico de Millôr Fernandes foi um cartunista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Conquistou notoriedade por suas colunas de humor gráfico em publicações como VejaO Pasquim e Jornal do Brasil.

Começou a trabalhar ainda jovem na redação da revista O Cruzeiro, iniciando precocemente uma trajetória pela imprensa brasileira que deixaria sua marca nos principais veículos de comunicação do país. Em seus mais de 70 anos de carreira produziu de forma prolífica e diversificada, ganhando fama por suas colunas de humor gráfico em publicações como VejaO Pasquim e Jornal do Brasil, entre várias outras. Em seus trabalhos costumava valer-se de expedientes como a ironia e a sátira para criticar o poder e as forças dominantes, sendo em consequência confrontado constantemente pela censura. Dono de um estilo considerado singular, era visto como figura desbravadora no panorama cultural brasileiro, como no teatro, onde destacou-se tanto pela autoria quanto pela tradução de um grande número de peças.

Com a saúde fragilizada após sofrer um acidente vascular cerebral no começo de 2011, morreu em março de 2012, aos 88 anos de idade. Fonte: Wikipédia

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Marcos Lucena

Marcos Antônio de Queiroz Lucena é um cantor, compositor, poeta e cordelista potiguar, nascido em 31 de dezembro na cidade de Mossoró, logo na sua adolescência, aos 16 anos foi morar no Rio de Janeiro em busca de seu sonho como artista.

Hoje, aos 64 anos – incompletos – com 35 anos de carreira, conhecido como Marcos Lucena é um dos ícones dos nordestinos na capital carioca.  

Árduo defensor da Feira de São Cristóvãoonde se encontra instalado Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, com artesanato, comida, bebida, folclore e muito forró. 

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Dudé Vianna – Nasci para ser músico

José Viana Ramalho, é um cantor, compositor e poeta norte-rio-grandense, nascido em 05 de julho de 1950, no sítio Poço Redondo município de Caraúbas/RN, logo aos 22 anos, já morando na capital potiguar iniciou sua rica trajetória na música, sofrendo grande influência da cultura raiz nordestina sob as bênçãos de ícones do caldo cultural do Nordeste, entre eles Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, violeiros e o mundo dos cordelistas.

Assim, José Vianna Ramalho, se tornou Dudé Viana e lá se vão 51 anos cantando e encanto a todos. 

Quando deu seus primeiros passos na música?

Em 1972, em Natal.

Suas influências musicais?

O som dos Violeiros, depois dos cantores como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Roberto Carlos, Dorival Caymmi e outros…

A família o apoiou?

Sim!

Em que grupos participou ou participa? 

Não fui de grupos, mas tenho feito trabalhos com grupos, mas no total sempre faço trabalho solo.

Dá para viver de música no RN?

Dá sim!

Se pudesse escolher, seria músico ou escolheria outra profissão?

Nasci para ser músico/compositor. Não mudaria.

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Cláudio Oliveira: O filhote do Pasquim

Cláudio Oliveira é Jornalista pela UFRN com especialização em artes gráficas na Universidade Carlos, República Tcheca e também cartunista por vocação. Nascido na capital potiguar, Natal, em 20 de junho de 1963, logo na infância foi influenciado pelo traço do gaúcho Renato Canini, que o fez transformar os cadernos escolares em seus próprios gibis.

Aos 12 anos Cláudio foi levado pelo jornalista Jorge Batista para o jornal Diário onde manteve seu contato com Emanoel Amaral e Edmar – ambos cartunistas – convidado por eles passou a integrar o GRUPEHG – Grupo de Pesquisas e Estudos de Histórias em Quadrinhos, pouco tempo depois conheceu Henfil que ao ver a qualidade do trabalho o levou para o Pasquim, no qual publicou por vários anos.

Cláudio Oliveira assina a coluna CLÁUDIO HEBDÔ, que traz o slogan “Um jornal de humor ao contrário: só não sai uma vez por semana”, veiculada na Folha de São Paulo com charges e textos bem-humorados de fina ironia, que é o seu cartão portal. 

Por Brito e Silva – Carunista

Sabemos que é na infância onde tomamos os primeiros contatos com pincéis, tintas, lápis e papel, com você assim? 

Sim. Antes de me alfabetizar, comecei a “ler” HQ. Meu irmão mais velho adorava os gibis do Zé Carioca e lia as histórias para mim. Depois, eu ficava curtindo os desenhos. Gostava principalmente de um traço que muito depois eu viria a saber que era de um gaúcho chamado Renato Canini. Passei a transformar meus cadernos da escola em gibis com meus desenhos.

Em frente da loja de sapatos do meu pai no bairro do Alecrim, do outro lado da rua havia um camelô que vendia revistinhas. Economizava o dinheiro do lanche da escola e comprava gibis. Passei a ler tudo que encontrava nas bancas do bairro. 

Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família? 

Sou “ovelha negra” da família.

Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, cartum a seria sua profissão? 

Quando eu tinha 12 anos, em 1975, um jornalista chamado Jorge Batista me viu desenhar enquanto comprava sapatos na loja do meu pai e me convidou para levar meus desenhos para o Diário de Natal. Então, tive contato com Emanoel Amaral e Edmar. Eles me convidaram para participar do Grupehq. Em junho de 1976, levei meus desenhos para a Tribuna do Norte e passei a publicar charges diariamente. Em dezembro, Henfil foi morar em Natal. Fui apresentado a ele, que me convidou a colaborar com o Pasquim. Sob influência do pessoal do Grupehq e de Henfil, decidi-me pela profissão de cartunista. Desde então, não parei de desenhar e fazer charges. De 1982 a 1985 fiz o curso de Comunicação Social na UFRN e de 1989 a 1989 fiz uma especialização em Artes Gráficas na Escola Superior de Artes Aplicadas de Praga, na República Tcheca.

A família apoiou? 

Sim, sempre.

Quantos de anos estrada, amassando e rabiscando papeis em busca suplantar o desafio do papel em branco?

Desde 1976. Quando voltei ao Brasil, em agosto de 1992, trabalhei no Diário de Natal e depois me transferi para São Paulo, em fevereiro de 1993, quando passei a publicar nos jornais do Grupo Folha.

Como avalia a qualidade do cartum brasileiro?

Muito bom. Começamos bem, com grandes desenhistas no século XIX, como Angelo Agostini. No século XX, desenhistas geniais como J. Carlos, Belmonte, Nássara, Théo. E a turma do Pasquim, Millôr, Ziraldo, Henfil, Jaguar. Os irmãos Caruso, Angeli, Laerte, Glauco, Luís Gê. No Brasil inteiro temos grandes talentos. E uma moçada de grande qualidade que tem surgido e mostrado seus trabalhos nos antigos e novos meios. 

Você acredita que o cartunista brasileiro é bem remunerado?

Acho que não. E infelizmente a crise principalmente dos veículos impressos tem restringido os espaços.

No mundo dos traços quais foram suas influências e seu ídolo – sem é que tem um?

Sou um filhote do Pasquim e da caricatura e dos quadrinhos brasileiros. E também de tudo que caía na minha mão. Eu absorvia e continuo a absorver tudo aquilo de que gosto.

Qual a charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter desenhado? 

Na verdade, há muitas charges que eu gostaria de não ter desenhado, como recentemente na pandemia do coronavírus.

A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?

Conheço pouco o mercado de cartuns nos meios digitais. Seria necessário estudar o tema. O setor de música parece que conseguiu encontrar um modelo de negócio com o stream.

O que é ser um cartunista?

Tentar ser um porta-voz dos cidadãos na defesa dos valores democráticos e republicanos e na cobrança dos poderes públicos para o estabelecimento de políticas do interesse da maioria da sociedade.

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Carlos Brito: o samba me pegou aos 8 anos

Por Brito e Silva – Cartunista

Nascido na cidade de Macaíba/RN, no dia 16 de março de 1979, batizado como Antonio Carlos da Silva Brito, entretanto o samba logo aos 8 anos o pegou pelo pé para depois renomeá-lo como Carlos Brito, e assim, passou a grifar e tornar-se conhecido no mundo da música potiguar.

Partindo da máxima “quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé”, o cantor e compositor Carlos Brito gosta de samba, é um bom sujeito, é bom de cabeça e tem os pés no samba”, o suingue do compasso 4×4 corre em suas veias inspirado em grandes mestres sambistas de da velha guarda.  

Mas, vamos conhecer um pouco mais sobre Carlos Brito.

Quando deu seus primeiros passos na música?

Profissionalmente em 1998. Mas o samba me pegou aos 8 anos de idade.

Suas influências musicais?

Minha maior influência musical é Antônio Candeia Filho (mestre Candeia). Mas tenho outros que me influenciam, como: Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Ney Lopes, Martinho da Vila, Nelson sargento, Wilson das Neves, Wilson Batista, Paulo César Pinheiro, Tereza Cristina, Ivone Lara, Mestre Lucarino, Mestre Zorro, Aluízio Pereira, Antônio Melé….

A família o apoiou?

Sim. Sempre. Minha família é o pilar para que eu siga minha caminhada. 

Em que grupos participou ou participa? 

Atualmente faço parte do grupo Batuque de um Povo, mas já participei do “Clave de Si”, Arquivo Vivo, Pagode Bom Demais, Grupo Sorriso Aberto, Garotos do Samba.

Dá para viver de música no RN?

Infelizmente não. 

Se pudesse escolher, seria músico ou escolheria outra profissão?

Se eu pudesse a música seria minha única profissão. 

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Emanoel Amaral: Super-Cupim

Por Brito e Silva

Emanoel Cândido do Amaral foi um jornalista, pintor, escritor, professor e mestre do mamulengo potiguar. Mas, foi como chargista que se tornou Emanoel Amaral e ganhou notoriedade onde o seu talento e sensibilidade criativa o referendou como um dos grandes cartunistas do Rio Grande do Norte.

Emanoel Amaral, nasceu na cidade de Natal/RN, no dia 25 de dezembro de 1951 e faleceu em 18 de dezembro de 2019, vítima de um câncer, apenas 7 dias antes de completar 68 anos. Entretanto, deixou um extenso legado para o cartum potiguar, quiça, para o Brasil, além de uma história rica de lutas à afirmação e consolidação do mercado para os desenhistas com a criação do Grupo de Pesquisa e Histórias em Quadrinhos (GRUPEHQ). Foi preso e injustiçado por seu trabalho desafiar os “donos do poder”, ainda assim, não permitiu que seus algozes enfraquecessem a fineza de seus traços e a acidez de suas charges.

No Rio de Janeiro/RJ, onde passou boa parte de sua adolescência, época em que conheceu o desenhista potiguar Evaldo Oliveira, que o levou à Rio Gráfica e Editora, empresa em que trabalhava, na qual Emanoel mostrou seu portfólio com seus desenhos, mas por ser de menor não fora efetivado na empresa. Indo a uma editora concorrente, a Ebal, onde também teve seus trabalhos aprovados, porém, ainda por não ter 18 anos nãofez parte do quadro de funcionários da gráfica.

Já em sua cidade natal, iniciou sua trajetória no Diário de Natal no ano de 1971, como sempre um pioneiro, organizou em 15 de maio do mesmo ano, a I Exposição o Norteriograndense de Histórias em Quadrinhosoportunizando aos artistas dos traços potiguares grande visibilidade, que até então não tinham e assim, Emanoel estaria consolidando o Grupehq que se tornaria uma vitrine para os jovens desenhistas que buscavam algum espaço na mídia e uma efetiva oportunidade de publicação de seus trabalhos.  

Inquieto e criativo Emanoel Amaral com uma fina ironia desenhou seu o Super-Cupim, uma personagem que tinha como atributo a “defesa dos insetos fracos e oprimidos” uma clara zombaria e critica aos “Super-Heróis” americanos, que eram consumidos vorazmente pelos brasileiros e, inevitavelmente à política. Em uma entrevista Emanoel disse ter mostrado a tirinha ao Henfil, em que o Super-Cupim na eminência de levar uma “surra” dos heróis estadunidenses se valeu da Turma da Mônica (Maurício de Souza), Pererê (de Ziraldo) e aos Fradinhos, de Henfil, que prontamente atenderam o chamando e vieram em seu socorro: “você só deu uma mancada, isso aqui era pra ter passado o ano todinho aproveitando esse tema. Explorado, ter feito muitas tiras”, disse-lhe Henfil.

Nos anos 80, convidado pelo Sesc (Serviço Social do Comércio), chegou à a cidade de Rio Branco/AC, para ministrar cursos de gravura e artes gráficas. Místico, conheceu a Colônia Cinco Mil, que professava a doutrina do Santo Daime. Os editores Sílvio Martinello e Elson Martins da Silveira do “Folha do Acre” o levou para a equipe do jornal o qual se integrou, se encaixando perfeitamente.  

No jornal “Folha do Acre”, Emanoel Amaral com suas charges diárias contundentes assertivas, quase sempre dirigidas à Governadora Iolanda Fleming, a quem chamava de “Pombinha”, e ao aviador de nome Pedro Yarzon levaram à suspeitas ao grupo que dava sustentabilidade a política governadora do atentado à bomba sofrido pelo jornal, que teve suas máquinas impressoras queimadas. Nenhum jornalista e funcionário foi atingido, o crime ocorreu na madrugada quando não havia mais ninguém no prédio. Com a paralização do periódico sua permanência no estado do Acre estava encerrada. Na volta para Natal/RN, foi preso em Fortaleza/CE, a Polícia Federal encontrou drogas em sua bagagem, fato que ele nunca assumiu e dizia ter sido uma revanche e perseguição do agrupamento político o qual ele criticava no Acre. Cumpriu pena. Voltou para Natal e aqui viveu até a pena e o papel não lhe ter mais serventia.

Fontes: Tribuna do Norte, Contilnetnoticias.com.br e Onomatopeia.home.blog

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“Cartunista: é ser alguém de outro mundo !”

Alexandre Cabral é professor, mestre, pesquisador e cartunista carioca da gema, nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 28 de julho de 1973. Logo na alfabetização teve seus primeiros contatos com desenhos como quase toda criança, e assim sendo, começou a se interessar pelos traços, passando a desenhar por diversão e não imaginaria que um dia pudesse fazer de seus rascunhos profissão, entretanto, a nanquim que descia pela pena imprimindo no papel contornos de cartuns, caricaturas e charges tomou rumo diferente, contaminando seu sangue e com o apoio da família começou desenhar profissionalmente. Traços firmes contundentes e muita criatividade o levou a figurar como um dos grandes cartunistas brasileiros.

Como não poderia ser diferente, foi seduzido pelos heróis de quadrinhos, desse modo define o cartunista como sendo um ser de outro mundo. Alexandre, assina suas charges, cartuns e caricaturas como “Aleco”.

Por Brito e Silva

Sabemos que é na infância onde tomamos os primeiros contatos com pincéis, tintas, lápis e papel, com você assim? 

Sim. Ainda tenho desenhos e pinturas dos tempos de alfabetização, guardados por minha mãe. Sempre amei desenhar!

Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família? 

Em minha família, sou o único interessado pelo desenho. Ninguém da minha família desenha ou tem um interesse aguçado por desenho ou mesmo pintura.

Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, o cartum a seria sua profissão? 

Nunca pensei em levar o desenho a sério a ponto de me dedicar profissionalmente. Desenhava por diversão. A ideia de tornar meus desenhos como uma atividade profissional, partiu do momento em que meu traço estava apurado e as pessoas passaram a admirar meus trabalhos.

A família apoiou? 

Apoiou sim.

Quantos de anos estrada, amassando e rabiscando papeis em busca suplantar o desafio do papel em branco? 

Puxa, posso dizer mais de trinta anos.

Como avalia a qualidade do cartum brasileiro?

Excepcional. Somos muito criativos! O cartum brasileiro é inteligente e graficamente muito bem representado.

Você acredita que o cartunista brasileiro é bem remunerado?

Não! Conheço muitos colegas que se queixam da baixa remuneração por meio dos desenhos publicados. Creio, que a sociedade brasileira, não valoriza, a ponto de pagar de forma justa, o tanto o artista mereça. Enfim, nossos trabalhos são desvalorizados.

No mundo dos traços quais foram suas influências e seu ídolo – se é que tem um?

As revistas em quadrinhos de super-heróis: Batman, Conan, Homem-Aranha etc. Não tenho um ídolo! Mas, têm muitos cartunistas, chargistas e caricaturistas que admiro demais os trabalhos: Frank Miller, os irmãos Caruso, Ziraldo, Henfil, Lan, Cassio Loredano, Quino, Uderzo, … é uma longa listas. Tem muitos mestres mundo a fora!!!

Qual a charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter desenhando?

Talvez, as charges do tempo da ditadura. Sim, gostaria de ter satirizado os bárbaros da ditadura de 64!

A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?

Veja bem: a internet, proporcionou a falência de muitos jornais importantes no Brasil. E aqueles que resistiriam estão capengando para não extinguirem. Atualmente, a internet veicula novas possibilidades para o cartunista. Tal possibilidade, faz com que ele se autonomize mais que nos tempos dos Jornais impressos. Mas, para isso, o cartunista terá que, com criatividade, ele próprio saber “vender” o seu produto: o cartum.

O que é ser um cartunista?

É ser alguém de outro mundo! É aquele que consegue, com humor, “enxergar” o mundo como muitos não conseguem; e usa o traçado no papel para exprimir suas ideias.

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Adnael Silva: “não consegui me desapegar de material impresso”.

Por Brito e Silva – Cartunista

Adnael Silva, cartunista e arquiteto nascido em 24 de setembro de 1968, em Arapiraca/AL. Tendo suas primeiras impressões no mundo das artes com materiais bem simples como os lápis de cores, canetas, sem falar das tintas de tecidos que sua mãe utilizava para pintar panos de pratos e tolhas de mesa, que certamente, tiveram influência definitiva, juntamente com os incentivos de seus tios os quais rabiscava.

Adnael, na escola já ganhava um “dinheirinho” desenhando os trabalhos dos colegas, que já viam nele o artista cartunista de fino traço, contundente, crítico e suave, que hoje temos o prazer de tê-lo como um dos melhores cartunistas do país. Morando, desde 19887 em Maceió, mas podemos dizer que Adnael, certamente, está entre os grandes do país, o terceiro lugar no 4º Salão Online de Humor de Pindamonhangaba/SP, com a caricatura de Aldir Blanc, entre outros salões de humor nacionais, o referenda e credencia.  

Sabemos que é na infância onde tomamos os primeiros contatos com pincéis, tintas, lápis e papel, com você assim? 

Sim, comecei com material bem simples, grafite, lápis de cor, caneta Bic e papel sulfite, e trabalhei apenas com estes por muito tempo. Contato com tinta, na infância, tive pouco – apenas tinta para tecido, que minha mãe usava, para decorar panos de prato e toalhas de mesa, geralmente. Só já adulto, tive contato com materiais mais voltados especificamente para desenho, como tinta nanquim, papéis especiais, etc.

 

Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família? 

Minha mãe já pintava em tecido, como falei anteriormente e alguns tios desenhavam, mas a dedicação aos desenhos mesmo foi instinto próprio. Desde os primeiros anos de escola, comecei a fazer histórias em quadrinhos, (onde eu criava os roteiros e desenhava) que emprestava para alguns poucos amigos na época lerem. E foram cerca de 45 (muito toscas, claro, pois ainda era uma criança) com 7 personagens próprios e vários temas: faroeste, ficção científica, selva e cangaço.

Quando tomou consciência que o desenho, mas especificamente, o cartum a seria sua profissão? 

Nos anos escolares já ganhava algum dinheirinho, eventualmente, pois fazia desenhos para trabalhos escolares de outras pessoas, como células, vermes, figuras históricas, entre outros, mas a princípio, nunca achei que conseguiria ter o desenho como profissão. Comecei a fazer charge já perto de 18 anos e logo comecei a produzir para um jornal por uns 2 meses, mas como tive que ir para Maceió para estudar arquitetura, tive de abandonar. Na faculdade, continuei desenhando e cheguei a fazer duas exposições de charges e caricaturas na biblioteca da UFAL. Ao me formar, já trabalhava numa agência de propaganda no departamento de arte. Quando me formei, paralelamente ao trabalho da agência, comecei a fazer charges e ilustrações para um jornal aproveitando as 2 horas da hora do intervalo para almoço. Hoje em dia, faço charges para o maior jornal de Alagoas, mas é apenas minha segunda fonte de renda. A principal sempre foi meu estúdio de design gráfico.

Nos anos escolares já ganhava algum dinheirinho, eventualmente, pois fazia desenhos para trabalhos escolares de outras pessoas, como células, vermes, figuras históricas, entre outros, mas a princípio, nunca achei que conseguiria ter o desenho como profissão. Comecei a fazer charge já perto de 18 anos e logo comecei a produzir para um jornal por uns 2 meses, mas como tive que ir para Maceió para estudar arquitetura, tive de abandonar. Na faculdade, continuei desenhando e cheguei a fazer duas exposições de charges e caricaturas na biblioteca da UFAL. Ao me formar, já trabalhava numa agência de propaganda no departamento de arte. Quando me formei, paralelamente ao trabalho da agência, comecei a fazer charges e ilustrações para um jornal aproveitando as 2 horas da hora do intervalo para almoço. Hoje em dia, faço charges para o maior jornal de Alagoas, mas é apenas minha segunda fonte de renda. A principal sempre foi meu estúdio de design gráfico.

A família apoiou?

Sim, pessoas simples do interior, mas que percebiam que esse seria meu caminho.

Quantos de anos estrada, amassando e rabiscando papeis em busca suplantar o desafio do papel em branco? 

Desenhando desde criança, mas profissionalmente, já com salário desde os 18 anos, hoje estou perto dos 54.

Como avalia a qualidade do cartum brasileiro? 

Muito boa, temos grandes artistas que se destacam nacionalmente e internacionalmente, e até vencem concursos no exterior. 

Você acredita que o cartunista brasileiro é bem remunerado? 

Não conheço muito bem a realidade de outros estados, pois muito pouco se fala de salários nesse meio artístico (até onde sei), mas acredito que poucos conseguem viver exclusivamente do cartum/charge/ilustração, principalmente quem vive longe dos grandes centros. Geralmente, tem que ter uma profissão paralela para complementar a renda, mesmo que seja uma profissão que tenha afinidade também com arte. 

No mundo dos traços quais foram suas influências e seu ídolo – se é que tem um?

Não tenho um ídolo específico nem influência específica, fui amadurecendo com a mistura do que via/vejo para criar um estilo próprio, sempre em fase de evolução. No começo tinha mais acesso ao trabalho do Chico Caruzo. De uns tempos para cá, com a internet, tive acesso aos trabalhos de vários artistas, os quais admiro muito o trabalho e que servem inspiração. Para citar apenas alguns: Baptistão, Dálcio, Quinho, Cau Gomes, Angeli, Ique, Hoisel, Sebastian Kruger…

Qual a charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter desenhando? 

A caricatura do Sylvester Stallone feita por Sebastian Kruger é uma das obras que gosto muito. 

A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?

Ainda hoje não consegui me desapegar de material impresso, prefiro a obra física que digital para ler. Apesar de ter acabado com vários jornais e revistas, a internet abriu portas também e todos os cartunistas tiveram que se adaptar. Um dos benefícios da internet é que conseguiu dar visibilidade ao trabalho de muita gente, tanto no Brasil como internacionalmente. Revelou também outras formas de ganhar dinheiro como alternativa ao impresso, como canais no youtube, e-books, blogs, etc.  Também facilitou o conhecimento e a participação em eventos, tanto nacionalmente como internacionalmente. 

O que é ser um cartunista? 

Ao meu ver, é ter a vontade incontrolável de “colocar no papel” de uma forma bem humorado ou que faça refletir, a nossa visão do mundo que nos cerca. Cada um explorando sua vertente, a política, o cotidiano, o lúdico. É poder passar uma mensagem simples, muitas vezes sem palavras, que seja compreendido pelas várias camadas sociais, seja fazendo rir, pensar, denunciando, alertando os problemas socias que nos afligem, principalmente.

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Cartunista Joe Bonfim: “estamos cada dia mais imbecis”.

Por Brito e Silva

Joe Bonfim, é um multiartista potiguar, nascido em 25 de julho 1959, na cidade do Natal/RN, batizado na igreja São Pedro, no Alecrim. Joe é músico, compositor, cantor e um dos mais renomados cartunistas brasileiros, residindo em Paris há 32 anos. Como descendente de ameríndios nordestinos, apesar, desse tempo morando no primeiro mundo continua um papa jerimum de quatro costados, todo ano troca as águas gélidas do Sena que corta a Cidade Luz, para vir banhar-se nas águas mornas da praia de Ponta Negra, ao pé do Morro do Careca, na cidade do Sol. 

“Joe Bonfim é um personagem que eu criei”, assim falou Joe. Também acrescenta ter sido um sedutor inveterado, em sua juventude, mera humildade, continua nos seduzindo com seus traços inequívocos de grande valia ao mundo cartum mundial e sua música. 

Vamos conhecer um pouco mais do Joe Bonfim.

Em geral, a maioria dos desenhistas começam muito cedo, logo na infância fazendo rabiscos, com você assim?

Meu primeiro desenho de observação me valeu uma surra da minha mãe, com chinelos havaianas. Ela tinha ido à feira com minhas irmãs em um subúrbio do Rio de Janeiro/RJ e eu aproveitei pra empilhar uns caixotes, subir no muro, e ver à filha da vizinha, uma linda mulata, que tinha uns dezesseis anos, tomando banho do jeito veio ao mundo. Observei bastante, desci do muro e desenhei o que vi na prancha de madeira da janela, que impedia a entrada de mosquitos pelas venezianas. Minha mãe quando viu aquele nu artístico, ficou furiosa e me deu uma coça severa. A educação que ela havia recebido nas escolas mantidas por freiras, via pecado e maldade em todos lados, e Arte em lugar nenhum. Esta reação ignorante e sem noção, só me fez gostar ainda mais de mulher e talvez por este motivo, eu me tornei um dos melhores alunos de modelo vivo da Escola de Belas Artes da UFRJ, e estudei modelo vivo também na Escola de Belas Artes de Berlim, junto com a lithographia, durante o ano de 1990.

Desenhar teve alguma influência ou você é a “ovelha negra” da família?

Desenhar fez, eu me tornar a “Ovelha Branca” da família.

Quando tomou consciência que era o desenho, mas especificamente, o cartum seria sua profissão?

A inspiração primeira foi o Jota Carlos e em seguida, o Mestre Mario Mendez.

Logo tomei consciência que o cartun não poderia ser minha profissão. Esperei bastante para ser pago do meu primeiro desenho publicado no Pasquim.

O desenho é uma paixão, uma mania, minha terapia.

A família apoiou?

A minha mãe me apoiou muito: “Artista é coisa de vagabundo, de preguiçoso, de “bom pra nada”.

Quantos anos de estrada, amassando e rabiscando papeis em busca de suplantar o desafio do papel em branco?

Desenho desde que ganhei meu primeiro lápis, no primário da escola pública. Fiz muitas profissões diferentes, mas nunca parei de desenhar. A folha em branco é uma excelente e excitante fonte de descobertas e de prazer. Graças à esta sagrada energia, nunca brochei do lápis.

Você mora na França há mais de duas décadas. Como é a vida de um cartunista na terra do egalité, fraternité e liberté?

Moro na França à somente 32 anos. A sorte de nós, cartunistas e caricaturistas aqui na França é que existem muitas associações que criam Salões e Festivais de cartuns e caricaturas, bem como de quadrinhos.

Você é o “embaixador” dos cartunistas brasileiros na França/Europa, levando trabalhos de novos e velhos desenhistas a Festivais de Humor pelo território do primeiro mundo. O que significa para você esse trabalho e para os cartunistas brasileiros, além da visibilidade notória internacional?

Tento ajudar à minha maneira, como posso. Principalmente graças às muitas amizades que fiz por aqui. Muita gente boa, competente e humilde. Os melhores embaixadores dos desenhistas brasileiros, são o talento, a criatividade e à originalidade de nossos compatriotas, e o melhor exemplo disto são as 3 Grandes exposições, tendo como tema o atual preside(me)nte brasileiro. Participamos também em 2 exposições à Cannes, onde participo na associação organizadora, ajudando nas relações publicas e com os colegas cartunistas. Vale ressaltar, como exemplo, a excelente participação do nosso Gilmar nacional, que convidamos no ano passado, e que teve direito à uma exposição individual, assim como entrevista na televisão. Para coroar tudo, ele ganhou um dos prêmios mais cobiçados deste que é o maior Festival Internacional do mundo, há (41 anos de existência), Gilmar ganhou o prêmio da imprensa Internacional. Isto tudo, sem falar Inglês ou Francês. Seu traço comunicou em todas as línguas. Fiquei orgulhoso e feliz com o prêmio do meu amigo compatriota, satisfeito por ter lhe indicado para à organização do Festival, que o convidou. 

Para mim, que cresci num clima de independência de ideias na UFRJ, ao mesmo tempo que a repressão e censura no período da Ditadura, não posso esquecer que apesar de ser desconhecido no meu país, fui contemporâneo do Henfil, do Aldir Blanc, do Jaguar, etc.

Não posso calar. Tentarei sempre levar a voz e o talento dos meus irmãos brasileiros, por onde eu passar. Um exemplo disto é minha singela participação, como convidado, pelo meu amigo, o escritor- Historiador, Levi Juca, à campanha do lançamento do livro sobre o nosso Grande Mestre da Caricatura, Mario Mendez. Aqui na Europa, eu testemunho das nossas condições de vida e liberdade e sobretudo promovendo uma visibilidade que estes artistas, muitas vezes não tem no seu próprio País.

O cartunista brasileiro é bem recebido fora do país?

Alguns ótimos cartunistas perderam o trabalho. Infelizmente, existem divisões entre os desenhistas de quadrinhos, os cartunistas, e os desenhistas de livros para as crianças.

O cartunista é bem remunerado na Europa?

O “Canard Enchaîné, Charlie Hebdo, Fluide Glacial, são referencias, mais já estão com os times completos. Alguns nomes, conhecidos continuam a publicar. Antigamente o cartunista, ou caricaturista tinha carteira assinada e um salário razoável garantido. Hoje em dia, na maioria, os desenhistas são pagos por desenho publicado, o que não garante na maioria dos casos, uma vida confortável.

Alguns Festivais de caricaturas e cartuns nos autorizam fixar livremente o preço das caricaturas. Outros do um preço igual para todos. Alguns, dizem que o preço é uma escolha da pessoa que foi caricaturada (não concorde com esta opção,)

A internet restringiu muito, quer dizer, praticamente acabou com os jornais e revistas impressos e consequentemente com os espaços para os profissionais do cartum, você acredita que também abriu outras oportunidades e novos mercados?

A internet, infelizmente, ao mesmo tempo que facilitou o envio de mensagens e o consumo de informação, fez uma lobotomia na capacidade de reflexão, indignação e pudor dos internautas. Os jovens não pegam mais nos livros. A qualidade da espíritos piorou muito. A memória e à capacidade de cálculos mentais também se reduzem. As pessoas nunca se comunicaram tanto quanto agora, e nunca ficaram tanto sozinhas.

De uma maneira geral, eu diria que os atentados sofridos pela équipe do Charlie Hebdo só aceleraram uma tendência que começou a se instalar com a chegada da internet e dos smartphones. Os téléphones estão cada dia mais “Smart”(inteligentes) e nós, consumidores gratuitos de “merda colorida em movimento” estamos cada dia mais imbecis, sem conhecimento e poder suficiente para represar este tsunami mundial de “bosta”. A falta de dignidade, de honestidade, de inteligência, de pudor e compaixão, transborda e à gente vê bem o resultado desta decadência mundial (temos muitos exemplos nos nossos políticos tupiniquins).

A internet, com este fluxo enorme de texto e imagens gratuitas, só serviu para vulgarizar e desvalorizar o trabalho intelectual da escrita e de criação de imagens.

Que charge, cartum ou caricatura que gostaria de ter feito? 

Gostaria de ter feito todas as charges do Henfil, do Gilmar e do meu amigo BRUM, que infelizmente, acabou de perder o trabalho como cartunista no jornal a Tribuna do Norte.

Você um é artista dos traços, também é musico. O cartum tem alguma ligação com as linhas da pauta, onde os músicos desenham suas notas?

Confirmo esta noticia ruim: Sou também músico-compositor-cantor. A música me ajudou a pagar minha vida e meus estudos, quando cheguei por aqui. Tinha um bom trabalho no Brasil, mas não estava feliz. Ano passado gravei um CD de Bossa Nova o “Bonfim, Bossa French Touch” com standards Bossa e Chanson francesa, em Francês. Este ano gravei o Aquarelle com 10 composições minhas. Encontramos neste álbum ritmos variados: Xote, blues baladas romântica, Bossa, músicas de protesto à situação atual do Brasil, e uma musica para ninar, composta em parceria com a minha filha, quando era novinha. Tem de tudo, para todas as sensibilidades. É um resumo, uma cronologia. É meu jeito de me apresentar nu, em textos e em musicas. É um exibicionismo escandaloso, mas tem gente que gosta (poucos).

O que é ser um cartunista? 

Ser cartunista é ver, perceber e traduzir em imagens o que a maioria não vê, não percebe ou não gostaria de mostrar ou de ver… É alertar sobre o ridículo, o mal honesto, à crueldade, a bondade, etc todos os sentimentos e situações podem ser representados pelo traço, e na maioria das vezes, melhor do que discursos, texto ou fotos. É o caro que levanta a saia da imagem da santa pra ver como é a bunda dela, que vê a meleca grudada no nariz do presidente, que escuta o peido escapado da rainha da Inglaterra (RIP) é chocante? (sim…) é de mau gosto? (muitas vezes) é de má intenção? (quase nunca) É proibido? (Claro que não!!!!) Liberdade de expressão é saudável e necessária. Se eu não acredito ou acredito em algo, eu tenho o direito de dizer. É à liberdade de expressão. É melhor ser esta “metamorfose ambulante, do que ter aquela opinião formada sobre tudo!”

Que é Joe Bonfim? 

O Joe Bonfim é um personagem que eu criei. Um descendente de ameríndios, nordestinos, de origem e temperamento humilde. Curioso. Quando jovem, foi um sedutor inveterado, tendo como armas o desenho e a música. Tem uma boa estrela e muita inconsciência, pra continuar tentando salvar sua chama inicial dos males do tempo. Um Don Quixote com um lápis no lugar da lança, e que hoje luta contra monstros imaginários e inimigos reais, para salvar sua Dulcinéia que esta “cagando e andando pra ele”, “un fou que persiste dans sa passion du Dessin et de la musique, mais qui au même temps,ne sais pas faire rien d’autre” – “um louco que persiste em sua paixão pelo desenho e pela música, mas que ao mesmo tempo não sabe fazer outra coisa” -. 

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“Geraldinho” Carvalho: dos picadeiros de circos em Campina Grande para Fox Music USA Wards, em Miami

Geraldo Carvalho de Oliveira Júnior, nascido na micro-região do Sertão Central, na cidade de Angicos/RN, em 08 janeiro de 1967, concretizando um sonho de menino, mora em Brasília/DF desde os anos de 2009. O músico potiguar filho de Geraldo Carvalho de Oliveira, ferroviário e dona Joana Guedes de Oliveira, do lar, passou parte de sua infância e adolescência em Campina Grande/PB onde adotou o nome artístico de Geraldo Carvalho de onde saiu para ganhar o mundo. 

Geraldo foi o único brasileiro na entrega do Prêmio Fox Music USA Wards 2018, em Miami, Flórida, na versão latino-americano, onde venceu na categoria Melhor Balada Pop, com a canção Estilhaço de Alegria, de parceria com Mário Noya, que também intitula o seu terceiro CD. Antes foram Manhecença (2001) e Um Toque a Mais (2007).  Vejamos um pouco mais de “Geraldinho”, assim chamado carinhosamente por todos.  

Quando deu seus primeiros na música?

Meus primeiros passos na música, foi ainda na infância, em Campina Grande. Apesar de ser de Angicos, meu pai ferroviário mudou-se, foi transferido para Campina Grande/PB, lá meus irmãos já tocavam violão, sempre tinha um violão em casa, e entre 9 e 10 anos eu comecei a aprender tocar violão, e daí fui tocar em igrejas em Campina Grande, em circos, participar de festivais em circos, e na TV Borborema de Campina Grande. 

Suas influências musicais?

Minhas influências são do rádio, sempre tinha um rádio ligado lá em casa. Meu pai sempre deixava um rádio ligado, minha mãe também adorava músicas, todos os dois, e influencias é Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Fagner, Belchior, Caetano Veloso, Gilberto Gil, essa galera toda da MPB.

A família apoiou?

Bom minha família sempre gostou de música, meus pais, meus irmãos tocavam então não tinha muito isso, a gente estudava e o violão estava sempre ali, gente aprendia e meu pai nunca se opôs, lógico quando a gente já fica um pouco maior, para sair da adolescência surge aquela preocupação né? Que todos irmãos fazendo escola técnica e eu enveredando pelo caminho da música, então sempre tem uma preocupaçãozinha, de vez enquanto perguntava se era isso mesmo que eu queria, mas nunca interferiram não.

Em que grupos que participou?

Bom o único grupo que eu participei foi um grupo de rock, um grupo escolar, do querido amigo Marcelo Bob, artista plástico, grande artista plástico Marcelo Bob.

Dá para viver de música no RN?

Viver de música no Rio grande do Norte eu sempre vivi, cheguei a trabalhar com música também na saúde mental da prefeitura e do Estado Rio grande do Norte da prefeitura de Natal do Estado do Rio grande do Norte, mas sempre vivi de música na noite, toquei muito a noite, tem que tocar muito, mas na época dava. Hoje como eu tô morando em Brasília não posso responder muito bem essa pergunta, mas vejo meus amigos aí vivendo de música todos eles né?

Se pudesse escolher, seria músico ou escolheria outra profissão?

É, se eu pudesse escolher escolheria música ou outra arte, ou Artes plásticas, cinema, ou teatro a literatura, mas com certeza seria artes se eu pudesse escolher. 

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Gustavão: a música que escolhe a gente!

Nascido, em Natal/RN, em 12 de outubro de 1984, na capital do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Gustavo de Carvalho Monte, usa o nome artístico de Gustavo Monte, entretanto, muita gente do meio musical potiguar o chama de Gustavão: “estou até pensando em adotar esse nome na cena musical”. 

Desde criança logo aos 10 anos teve seus primeiros contatos com música quando começou a ter aulas e recebendo de presente um violão, o qual traz até hoje guardando como uma relíquia. 

Gustavo passeia por todos os gêneros musicais, já tendo participado de vários grupos, atualmente faz um “duo” com seu amigo Jane Eyre, porém, passa a investir e cuidar de sua produção instrumental. 

Quando deu seus primeiros passos na música?

Meus primeiros passos na música aconteceram na minha infância, por volta dos 10 anos.

Suas influências musicais?

Minhas influências musicais são bem variadas… Samba, bossa-nova, Jazz, forró, chorinho, seresta, xote, música latina, reggae, rock… Na verdade sempre fui bem eclético, o que me fez sempre trabalhar com vários gêneros.

A família apoiou?

Quando era criança minha família me apoiou me matriculando em aula de música e me dando um violão, que trago comigo até hoje.

Quando resolvi me tornar profissional, tive algumas barreiras. Minha família de uma maneira geral sempre achou esse caminho muito difícil e tivemos alguns problemas, mas fui seguindo em frente e as coisas com o tempo foram se ajustando.

Em que grupos participou ou participa?

Desde sempre toquei com muitos grupos e com várias formações, aprendi a tocar outros instrumentos que fui agregando ao meu estilo ao longo da trajetória, algo que enriqueceu muito como artista.

Hoje em dia sou músico freelance, tenho um “duo” com um amigo chamado Jane Eyre, onde tocamos música instrumental com enfoque jazzístico, um mix de música brasileira com a música universal e também trabalho fixo com o grupo Preto no Branco, que trabalha com a vertente do samba.

Dá para viver de música no RN?

Pra viver de música no RN é preciso tocar vários estilos, muitas vezes gêneros musicais diferentes do seu próprio, fazendo com que o artista esteja sempre se atualizando, renovando e estudando. 

Hoje em dia estou tentando focar mais no meu trabalho autoral, algo que acho que demorei um pouco pra dar andamento, mas estou aí, acabei de gravar um trabalho instrumental que estou terminando de mixar e pensando no lançamento, divulgação, etc… E já pensando em outros, pois nesses anos acumulei muitas músicas, principalmente na esfera instrumental, apesar de escrever letras também, e quero entrar pra esse nicho de artistas e compositores e levar minhas composições para as pessoas.

Se pudesse escolher, seria músico ou escolheria outra profissão?

Apesar de todas as dificuldades que o músico e qualquer artista encontra na sua jornada, amo muito o que eu faço, acho que essa chama me faz continuar vivo e resistir, seguir em frente, nunca desistir, então escolheria na certa ser músico… muitas vezes acho que não é a gente que escolhe a música, a música que escolhe a gente, e assim sigo nessa plenitude.

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Lupe: Um estrangeiro onde estiver

Paulista da cidade de Botucatu/SP, Lupercio Albano orgulhosamente diz “ybytu (ou ybytyra) katu “bom vento”, “serra boa” mesmo maltratando o tupi, prefiro algo mais poético:  nasci na Garganta do Vento – mas fui logo embora, levado pelas mãos de Santa Sara, a santa dos ciganos”, ou simplesmente Lupe como é conhecido no meio artístico, atualmente reside no Rio Grande do Norte desde 2012. Já havia vindo de férias à Natal/RN. Entretanto, no ano de 2012, em Sampa, conviveu com músicos potiguares com os quais fez parcerias. O cantor e compositor Romildo Soares o convidou para uma temporada de alguns meses na Cidade do Sol, foi ficando e, hoje se encontra estabelecido na bela comunidade de Pium/Parnamirim/RN: “inicialmente por questões financeira, mas depois, considerando a vida simples, paisagem, temperatura (em SP, ontem, deu -2,5 no termômetro; afetos, amizades e, naturalmente, parcerias musicais. sou meio cigano e me sinto sempre um estrangeiro, onde estiver”, Lupe.  

Quando deu seus primeiros na música? 

A música (ouvida no rádio ou na vitrola) sempre me arrebatou, me roubou o foco de tal maneira que me parece natural que o rio corra pra esse mar.

Meu primeiro trabalho como músico foi para um grupo de teatro, em São Paulo; um musical para crianças, “Com Panos e Lendas” que acabou fazendo um bom sucesso, à época.  Depois, estudar e estudar; lecionar e tocar na noite paulistana; acompanhar cantores e compor canções…

Suas influências musicais?

Na infância, no interior; catira, toada, cateretê e moda-de-viola; na juventude, já no perímetro urbano; o rock’n’roll, Beatles e tal;  os festivais de música e, finalmente, o Movimento Tropicália, que me ensinou realmente a ouvir a música brasileira; choro, frevo, samba, xote, baião etc. ( e a bossa nova, que era algo meio distante à minha geração)   e me instigou a compor.   

A família apoiou?

Absolutamente, não

Em que grupos que participou?

Gravei um álbum autoral “A Hora Sã”. Aqui em Natal, o mais significativo foi “O Motor da Onça” criado para enfrentar os festivais que aconteciam no Beco da Lama. Aqui no Rio Grande do Norte gravei com Antoanete Madureira/Romildo Soares, com o Grupo Bambu/SP e no Rio de Janeiro com a Crys Araújo. 

Dá para viver de música no RN?

Eis uma pergunta difícil…mas, sim, é possível; como diz a canção de meu parceiro Pedro Mendes, “em Natal, a gente não vive tão mal”

Se pudesse escolher, seria músico ou escolheria outra profissão?

Sim…seria músico. Um pouco mais atento ao que chamam de carreira, porém.  Se escolhece outra profissão, seria para, a cada dificuldade, poder dizer:Pô ! Porque é que eu não fui ser músico ?